Cidadania in foco

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Novidades 2011





Postadas recentemente documentos/textos alusivos às datas:

19 de Abril - Dia do Ìndio
21 de Abril - Tiradentes
22 de Abril - "Descobrimento do Brasil"
1o de Maio - Dia do trabalho
Maio - Dia das Mães
13 de Maio - Abolição da escravatura



1o de Maio - Dia do Trabalho




Tela de Tarsila do Amaral: "Operários" (1933)



Dia do Trabalho no BrasilAté o início da Era Vargas (1930-1945) certos tipos de agremiação dos trabalhadores fabris eram bastante comuns, embora não constituísse um grupo político muito forte, dado a pouca industrialização do país. Esta movimentação operária tinha se caracterizado em um primeiro momento por possuir influências do anarquismo e mais tarde do comunismo, mas com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, ela foi gradativamente dissolvida e os trabalhadores urbanos passaram a ser influenciados pelo que ficou conhecido como trabalhismo.

Até então, o Dia do Trabalhador era considerado por aqueles movimentos anteriores (anarquistas e comunistas) como um momento de protesto e crítica às estruturas sócio-econômicas do país. A propaganda trabalhista de Vargas, sutilmente, transforma um dia destinado a celebrar o trabalhador no Dia do Trabalhador. Tal mudança, aparentemente superficial, alterou profundamente as atividades realizadas pelos trabalhadores a cada ano, neste dia. Até então marcado por piquetes e passeatas, o Dia do Trabalhador passou a ser comemorado com festas populares, desfiles e celebrações similares. Atualmente, esta característica foi assimilada até mesmo pelo movimento sindical: tradicionalmente a Força Sindical (uma organização que congrega sindicatos de diversas áreas, ligada a partidos como o PDT) realiza grandes shows com nomes da música popular e sorteios de casa própria. Na maioria dos países industrializados, o 1º de maio é o Dia do Trabalho. Comemorada desde o final do século XIX, a data é uma homenagem aos oito líderes trabalhistas norte-americanos que morreram enforcados em Chicago (EUA), em 1886. Eles foram presos e julgados sumariamente por dirigirem manifestações que tiveram início justamente no dia 1º de maio daquele ano. No Brasil, a data é comemorada desde 1895 e virou feriado nacional em setembro de 1925 por um decreto do presidente Artur Bernardes.

Aponta-se que o caráter massificador do Dia do Trabalhador, no Brasil, se expressa especialmente pelo costume que os governos têm de anunciar neste dia o aumento anual do salário mínimo. Outro ponto muito importante atribuído ao dia do trabalhador foi a criação da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, em 01 de maio de 1943.





Acesse os endereços abaixo:

http://www.brasilescola.com/datacomemorativas/dia-do-trabalho.htm


http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_Trabalhador

13 de Maio - Abolição da Escravatura no Brasil




13 de Maio - Abolição ou Acerto?

Processo de abolição da escravatura no Brasil


Os negros, trazidos do continente Africano, eram transportados dentro dos porões dos navios negreiros.
Devido as péssimas condições deste meio de transporte, muitos deles morriam durante a viagem. Após o desembarque eles eram comprados por fazendeiros e senhores de engenho, que os tratavam de forma cruel e desumana.
Apesar desta prática ser considerada “normal” do ponto de vista da maioria, havia aqueles que eram contra este tipo de abuso. Estes eram os abolicionistas (grupo formado por literatos, religiosos, políticos e pessoas do povo); contudo, esta prática permaneceu por quase 300 anos. O principal fator que manteve a escravidão por um longo período foi o econômico. A economia do país contava somente com o trabalho escravo para realizar as tarefas da roça e outras tão pesados quanto estas. As providências para a libertação dos escravos deveriam ser tomadas lentamente.
A escravidão começou a declinar com o fim do tráfico de escravos, em 1850 (Após a aprovação de lei de autoria de Eusébio de Queirós). Progressivamente, os imigrantes europeus assalariados substituíram os escravos no mercado de trabalho. Mas foi só a partir da Guerra do Paraguai que o movimento abolicionista ganhou impulso. Milhares de ex-escravos que retornaram da guerra vitoriosos, muitos até condecorados, correram o risco de voltar à condição anterior por pressão dos seus antigos donos. O problema social tornou-se uma questão política para a elite dirigente do Segundo Reinado.
A partir de 1870, a região Sul do Brasil passou a empregar assalariados brasileiros e imigrantes estrangeiros; no Norte, as usinas substituíram os primitivos engenhos, fato que permitiu a utilização de um número menor de escravos. Já nas principais cidades, era grande o desejo do surgimento de indústrias.Visando não causar prejuízo aos proprietários, o governo, pressionado pela Inglaterra, foi alcançando seus objetivos aos poucos. O primeiro passo foi dado em 1850, com a extinção do tráfico negreiro. Vinte anos mais tarde, foi declarada a Lei do Ventre-Livre (de 28 de setembro de 1871). Esta lei tornava livre os filhos de escravos que nascessem a partir de sua promulgação.
Em 1885, foi aprovada a lei Saraiva-Cotegipe ou dos Sexagenários que beneficiava os negros de mais de 65 anos.Foi em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, que liberdade total finalmente foi alcançada pelos negros no Brasil. Esta lei, assinada pela Princesa Isabel, abolia de vez a escravidão no Brasil.



Uma versão sobre o 13 de maio


A lei Áurea foi o coroamento da primeira mobilização nacional da opinião pública, na qual participaram políticos e poetas, escravos, libertos, estudantes, jornalistas, advogados, intelectuais e operários. Esse 13 de maio, (que já foi feriado nacional durante a República Velha), da princesa Isabel de Bragança (filha do Imperador Dom Pedro II), que estudamos na escola primária é o 13 de maio da doação da liberdade, e ressalta o apoio dado por muitos brancos da época à abolição da escravatura.



Uma segunda versão
Os militantes do atual movimento negro no Brasil evocam um outro 13 de maio, que vê a abolição, em 13 de maio de 1888, como sendo um "golpe branco" visando frear o avanço da população negra, na época, uma minoria oprimida.


Consenso na história contemporânea:

Todo o processo da abolição no Brasil foi lento e ambíguo, pois, como afirma José Murilo de Carvalho: "A sociedade estava marcada por valores de hierarquia, de desigualdade; marcada pela ausência dos valores de liberdade e de participação; marcada pela ausência da cidadania". Hoje, ainda, segundo Murilo de Carvalho, a "carga de preconceitos que estruturam nossa sociedade, bloqueiam a mobilidade, impedem a construção de uma nação democrática".

Os dados aqui apresentados estão referendados nos endereços abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Abolicionismo_no_Brasil
http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/abolicao.htm

Democracia Racial




Democracia racial é um termo usado por alguns para descrever as relações raciais no Brasil. O termo denota a crença de que o Brasil escapou do racismo e da discriminação racial vista em outros países, mais especificamente, como nos Estados Unidos. Pesquisadores notam que a maioria dos brasileiros não se veem pelas lentes da discriminação racial, e não prejudicam ou promovem pessoas baseadas na raça. Graças a isso, enquanto a mobilidade social dos brasileiros pode ser reduzida por vários fatores, como sexo e classe social, a discriminação racial é considerada irrelevante.
Segundo Martiniano J. Silva , o racismo no Brasil foi implantado através do mito da democracia racial. Alega que tal modalidade de racismo, mascarado de status liberal e democrático, conseguiu efetivar-se com grande eficácia, alcançando, através de sua dissimulação, prestígio interno e externo.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia_racial

Educando para a diversidade, sua senhoria o negro!





por Sílvio Aparecido Casagrande

Para começo de conversa, algumas considerações:
Taís Araújo, protagonista da novela da globo, em reportagem para a Isto É Gente de fevereiro de 2004, diz querer ser referência para crianças e adolescentes de sua raça e faz declarações bombásticas que colocam em evidência a complexidade da questão étnico racial no Brasil:
“Meu ídolo era a Xuxa, mas nunca poderia ter o cabelo igual ao dela nem o olho azul. Ficaria feliz se pudesse gerar essa identificação nas meninas e meninos negros.
Nos Estados Unidos, se o anunciante não é um negro consumindo seu produto, os negros não compram. “A gente tinha que começar a ter uma atitude assim.”
Há que se considerar na análise da gênese da questão discriminatória do Brasil a falta de inserção social do negro após a abolição da escravatura.
Os negros passam por um período de amadurecimento na conquista de sua cidadania. Para isso alguns mecanismos legais, retardatários é verdade, mas sempre em tempo, como o PCN”s que orientam sobre a promoção da pluralidade cultural como tema transversal, e o passo maior que foi dado com a Lei 10.639/2003 que valoriza a cultura afro descendente combatendo a superioridade da cultura européia.
O negro tem se negado inconscientemente, ou, como forma de “reagir não reagindo”, à questão da discriminação ignorando que os piores índices de escolaridade, de acesso aos benefícios sociais e de renda ficam com os que têm a cor da pele mais escura.
Quando se leva em discussão a questão da pele mais escura como diferencial para justificar a discriminação-manifestação explícita de uma ideia “torta” que lhe foi incutida pelo inconsciente coletivo que se manifesta e bombardeia o tempo todo -, ele está refletindo o que tem aprendido desde a gênese da sociedade que tem como pilares o caráter patriarcal, machista, homófobo e branco.
A Gênese da sociedade brasileira se deu em meio a uma sociedade marcada:
1-pelo patriarcalismo onde o personagem central e símbolo de status é o homem branco, rico e poderoso;
2- pela escravidão onde se deu a origem do estereótipo de que os indivíduos de pele mais escura são menos merecedores de qualquer benefício da rede social e;
3- do latifúndio, que nega acesso dos menos providos de recursos aos benefícios da terra.
A escola sempre foi reflexo de uma sociedade construída com base na exclusão social que legitima e reproduz desigualdades.
Nesse rol de problemas que permaneceram durante séculos nas entranhas de nossa sociedade sempre marcada pelo preconceito, desigualdade social, fundados em estereótipos solidificados e impregnados no inconsciente coletivo e reproduzidos no seio de uma escola elitista e excludente como foi desde o início no Brasil. Mesmo agora que, teoricamente é democrática, não atende satisfatoriamente os requisitos de qualidade e tratamento verdadeiramente cidadão aos seus alunos. A escola continua sendo um aparelho reprodutor das ideologias e desigualdades que interessam a um grupo da elite, ela perpetua os estereótipos que bombardeiam olhos, ouvidos e mentes através dos recursos midiáticos de manipulação como rádio, televisão e jornais que na maioria estão nas mãos dos políticos e elite.
Vigotsky (1896-1934, defende a teoria histórico-social para o desenvolvimento do indivíduo, ele diz que o indivíduo é resultado de um processo sócio-histórico sendo assim o indivíduo incorpora, aprende e reproduz o que aprendeu.
É preciso que a escola se conscientize e se prepare para lidar com esse público alvo que ela ainda não conseguiu descobrir a que veio e solidifique um trabalho sério e competente para que a escola se torne de fato democrática e inclusiva e que ofereça educação de qualidade respeitando a diversidade.
Para se trabalhar a cultura negra na sala de aula, segundo Roberta Bencine em matéria à Revista Nova Escola – nov. de 2004, p. 50, deve se seguir alguns caminhos:
– Aprofundar-se nas causas e conseqüências da dispersão dos africanos pelo mundo e abordar a história da África antes da escravidão;
- Enfocar as contribuições dos africanos para o desenvolvimento da humanidade e as figuras ilustres que se destacaram nas lutas em favor do povo negro;
- A questão racial é assunto de todos e deve ser conduzida para a reeducação das relações entre descendentes de africanos, dos europeus e de outros povos;
- Reconhecer a existência do racismo no Brasil e a necessidade de valorização e respeito aos negros e à cultura africana.
Bibliografia:
ARAÚJO, Luís Edmundo e FURTADO, Jonas. Isto É Gente, São Paulo, ano V, no 236, p.29 – 33, fev. 2004.
BENCINI, Roberta. Educação não tem cor. Nova Escola, São Paulo, ano XIX, nos 177, p. 47- 51, nov. 2004.
VIGOTSKY, Lev. Uma Perspectiva Histórico-Cultural da Educação, Petrópolis: Vozes, 2007.

A educação não tem cor



“Que a carência e cor da pele de uma criança não sejam tão importantes quanto o brilho dos seus olhos”
(Paulo César da Silva Junior, 14 anos, aluno da escola Carlos Drummond de Andrade, de Boa Vista, RO, um dos 32 vencedores do concurso nacional de frases sobre o direito da criança, promovido pelo Ministério da Educação e pela Nestlé).



Estudantes protestam contra a adoção do sistema de cotas


Por sistema de cotas entende-se uma medida governamental que cria uma reserva de vagas em instituições públicas ou privadas para determinados segmentos sociais. É considerada uma forma de ação afirmativa, segundo conceito surgido nos Estados Unidos na década de 1960.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_cotas
Controvérsias
O sistema de cotas é considerada uma medida polêmica, gerando debates acalorados nos círculos acadêmicos. É algo que divide opiniões, embora seja um consenso de que algo deva ser feito para diminuição das desigualdades entre os cidadãos e grupos sociais. Alguns argumentam que o problema é de base e que atacar as conseqüências não resolve o problema, apenas cria outro.
Algumas controvérsias específicas às cotas de cunho racial residem no fato de que seria difícil definir quem teria direito a tais políticas. Alguns defendem o critério de autodeclaração, outros defendem a instauração de uma comissão de avaliadores que, baseados em critérios objetivos e subjetivos, decidiriam quem teria direito às cotas. Esta questão não é ponto pacífico, pois não há consenso sobre o tema. Em geral, as cotas raciais são voltadas para a população autodeclarada "negra" - podendo abranger os pardos que se declarem negros. Um caso ocorrido em 2007 na Universidade de Brasília, reacendeu a polêmica, pois dois gêmeos univitelinos foram classificados como sendo de "raças" diferentes.[4]
Ações de inconstitucionalidade já foram propostas por alguns políticos e entidades da sociedade civil contra o sistema de cotas.[5] Outros também se mobilizaram na defesa da reserva de vagas[6].
Ocorre também que, ao analisar o sistema de cotas, sua aplicabilidade e seus possíveis bônus ou ônus, deve-se perceber que qualquer ação afirmativa , que busca transpor as desigualdades e a igualdade material (utópicamente), deve ser aplicada por um determinado tempo, ou seja, não é um instituto que deva ser aplicado com um finalidade definitiva.Juntamente a isso, há de se entender que as ações afirmativas, como o sistema de cotas, devem possuir açõs conjuntas, atacando o problema desde a sua raiz, pois nenhum problema social foge da deficiência das estruturas de base, como educação, distribuição de renda, falta de oportunidade, e outros.

A Política de Cotas nas Universidades Públicas Brasileiras

Por Carlos Ignácio Pinto carlos@klepsidra.net Bacharel em História / USP



Muitas pessoas se assustam ao ouvirem a idéia de criação de cotas para negros nas universidades públicas Brasileiras. Este artigo busca compreender o medo e a falácia que giram em torno das cotas, bem como demonstrar minha sincera opinião sobre o sistema de cotas no Brasil, e de como o compreendo dentro de um universo muito maior de uma série de correções de nossa sociedade tão “democrática” e “anti-racista”.

Há mais ou menos um ano tenho trabalhado como professor colaborador do cursinho para população carente do Núcleo de Consciência Negra da Universidade de São Paulo, entidade referencial na luta contra o preconceito racial no Brasil, ministrando as aulas da disciplina de História Geral. Neste universo, me deparei com situações que puseram abaixo tudo o que pensava até então sobre o sistema de cotas para negros nas universidades públicas brasileiras. A diferença se pautou em algo extremamente relevante: a passagem do discurso teórico que até agora tinha, para a prática; aquela que me defrontou com uma verdade bem mais latente e contundente do que aquelas demonstradas por muitos demagogos (como até aquele momento acredito ter sido) ou inocentes (o que não acredito muito) em seus discursos.


Martin Luther King, o assassinado líder negro dos EUA Os discursos contrários à política de cotas se pautam basicamente em dois elementos que não se sustentam: o primeiro seria que ao invés do ingresso de negros através da política de cotas, o fundamental seria a melhoria substancial do ensino médio no Brasil que garantiria uma equiparação de saberes para os alunos que pretendem ingressar em uma universidade através do vestibular; e o segundo, como desdobramento do primeiro, seria que no Brasil a diferenciação entre os ingressantes em uma universidade e aqueles que não conseguem sucesso no vestibular estaria pautada na diferença econômica, ou seja, a entrada em uma universidade pública dependeria exclusivamente do poder aquisitivo do aluno e a economia despendida em sua formação escolar.


Estes dois argumentos fazem parte do discurso comum, daqueles que se pronunciam contrários ao sistema de cotas e não possuem muita coisa a acrescentar; o primeiro argumento de que “é necessário uma melhoria do ensino no Brasil” é um discurso de décadas, ou seja, aguarda-se a melhoria também a décadas ao passo em que a exclusão permanece; defendemos tal argumento e o que se apresenta como proposta para que isto se efetue? Quase nada! Não peça aos movimentos de inserção do negro que abandonem suas políticas efetivas em troca da espera; não espere a acomodação na esperança da equiparação da formação escolar dos alunos oriundos de escolas públicas em relação aos oriundos de escolas particulares. A exclusão do negro da Universidade Pública é latente!!!!!!!! Percebam o perigo deste argumento, na medida em que nos reduz a paciente do processo, sendo que o que a comunidade negra no Brasil precisa é da aplicação de medidas imediatas, independente se for para reparação do mal que se faz até hoje a esta comunidade ou se para realmente começarmos a dar um fim a exclusão do negro no ensino superior brasileiro.


Sobre o segundo argumento que trata sobre a desigualdade social, mas é claro que o pobre é que não consegue ingressar em uma universidade pública, entretanto mesmo entre os pobres, o número de negros pobres está 47% acima dos brancos, ou seja, existem mais pessoas miseráveis negras do que brancas, e entre estas, os negros são os de menor salário e poder aquisitivo; a remuneração para um mesmo cargo é diferente entre negros e brancos. A maioria (na realidade, uma minoria) dos alunos oriundos de escolas públicas que conseguem entrar em uma universidade pública no Brasil são brancos, ou seja, mesmo entre aqueles que conseguem vencer a diferença, os negros são minoria.

Você que está lendo este artigo e estuda em uma universidade pública, ou até mesmo privada no Brasil, repare a sua volta em sua universidade, e veja a gritante diferença entre o número de negros e brancos. Desigualdade Social? Também, mas muita desigualdade racial presente.

Recentemente lendo um artigo de um jornal universitário chamado Revelação da Universidade de Uberaba, de autoria do aluno Rodolfo Rodrigues do 6º período de Jornalismo[1], me assustei; o artigo que tentava combater a política de cotas, envolvia todas estas idéias do discurso comum e algumas outras muito piores, com todo o respeito ao colega. Este citava em seu artigo (além do ideário comum) a idéia de que biologicamente somos todos iguais e por isso não poderia se estabelecer as cotas e que o negro apenas precisaria de seu esforço e dedicação para ingressar em uma universidade pública!
Caro Rodolfo e aqueles que pensam como ele, é lógico que somos muito parecidos geneticamente falando, entretanto, ao contrário de sua “democracia biológica” o preconceito e o racismo no Brasil estão pautados pela cor que o negro traz em sua pele e não no sangue que corre em suas veias e, por favor, se ainda existe a crença de que a única diferença entre os alunos que entram em uma universidade pública e aqueles que não ingressam, está pautada no esforço e dedicação que estes desprendem em sua preparação para o vestibular, gostaria que estes fizessem uma visita a minha turma no Núcleo de Consciência Negra aqui da Universidade de São Paulo e separassem os que não trabalham, os que não ajudam em casa e os que sustentam famílias, ou seja, possuem muito mais obrigações do que aquelas impostas pelo vestibular. A diferença está na dedicação? Aquele que ainda não ingressou no mercado de trabalho ou que não tem obrigações para com sua família é um maior merecedor da vaga na universidade porque se “dedicou”?????? Convenhamos, se este poder fosse me dado, eu estaria muito mais propenso a colocar o aluno trabalhador em uma universidade, se o mérito for a dedicação, do que o aluno que pode dedicar-se integralmente ao vestibular tendo como estrutura educacional bons colégios particulares.
No mesmo artigo, há uma foto em destaque com uma aluna negra do 3° período de Comunicação Social da mesma Universidade, e ao seu redor 5 alunos brancos, com os seguintes dizeres “A estudante ..... ingressou na Universidade sem precisar se valer das cotas.”. O que me causou estranheza foi o fato do próprio autor do artigo corroborar com a idéia de que são pouquíssimos negros dentro de uma Universidade Pública no Brasil, através desta foto que possui uma maioria de alunos brancos, sendo ela a única negra do grupo!
Como dito anteriormente, a questão do negro na Universidade Pública no Brasil é bem mais complexa do que a simples compreensão da desigualdade social, polarizada entre pobre e ricos, compreensão esta que por muito tempo engessou e engessa as reivindicações de uma maior igualdade da comunidade negra no Brasil. É o discurso comum presente até mesmo dentro das universidades que por vocação, teriam de se libertar destas amarras.
Recentemente, a USP tem realizado obras na intenção de facilitar o acesso a universidade de alunos portadores de deficiências físicas; entretanto, nossos departamentos não estão preparados para receberem os alunos portadores de deficiências visuais, mesmo que sendo estabelecido por lei a obrigatoriedade de tal adaptação. Seria justo interromper as obras na USP que visam facilitar o acesso de deficiente físicos visto que elas não contemplam os deficientes visuais? É justo suspender a política de cotas porque ela não da conta do todo?

Para aqueles que não sabem, as universidade públicas brasileiras possuem cotas para estrangeiros. E porque não se levantaram contrários? É que a questão dos negros para muitos deve permanecer como está; todos acreditando no mito da nossa “democracia racial” onde somos felizes, pacíficos e ordeiros, e só não se consegue a felicidade, satisfação econômica e realização de sua pessoa enquanto cidadão e ser humano, aqueles que não batalham por ela, pois as condições estão dadas “igualmente” para todos; Papai Noel e coelhinho da páscoa também existem.

No mesmo artigo o autor ainda finaliza suas idéias rechaçando as pessoas que fazem uso de roupas com dizeres do tipo “100% negro”, “preto brasileiro” ou “afrobrasileiro negão”, alegando que isto também seria uma forma de manifestação de racismo, só que de ordem invertida. Estranho, quantas pessoas não desfilam entre nós com camisetas do tipo “MedicinaUSP”, “Poli USP”, “Mackenzie”, “PUC”, “UNIUBE” e não os tratamos como racistas, apesar de a todo momento afirmarem sua condição de superioridade educacional. É racismo a afirmação da cor que traz na pele? Não existe uma negação do outro, mas uma afirmação da condição que sou. Se me afirmo como Universitário, tranqüilo; se me afirmo como Negro sou racista???? Colocação absolutamente infeliz, que infelizmente faz parte do ideário comum e não apenas de nosso colega em Uberaba.
Não se trata apenas de uma resposta do artigo citado, mas sim da colocação dos vários temas que permeiam e ocultam as discussões sobre o preconceito e o racismo no Brasil do qual a política de cotas é apenas uma parte, mas que forçosamente por parte de alguns vem se transformando no todo.


Acredito plenamente que o ensino no Brasil deva ser repensado e reformado como um todo, garantindo uma melhoria na qualidade do ensino aplicado a comunidade carente que é a maioria deste país. O que não posso aceitar é que a espera da realização disto sufoque a questão da segregação racial das universidades públicas brasileiras. Assim como o negro, também estão os índios e minorias também discriminadas, que a exemplo do ocorrido com os movimentos negros, também tem o direito de reivindicar seus direitos e fazer valer sua voz.
Não acredito que a política de cotas seja um fim em si, muito pelo contrário, é ela que está estimulando todo o debate em torno do racismo no Brasil, e é a partir destas discussões que nascerão os rumos de muitas questões que hoje se colocam quase sem solução. O que não gosto de observar é o reducionismo a que certas pessoas submetem as cotas, o racismo e o negro no Brasil.
Apesar de se chamar Núcleo de Consciência Negra da Universidade de São Paulo, o NCN atende em suas dependências, populações carentes oferecendo várias atividades e cursos tais como línguas (Espanhol, Inglês e Yorubá), Alfabetização de adultos e um cursinho comunitário pré-vestibular que busca a inserção dos alunos carentes oriundos em sua maioria de escolas públicas nas Universidades Públicas brasileiras, alunos estes que são atendidos independentes da cor que tragam em sua pele, nos mostrando uma fácil lição, na qual se configuram como um centro de referência contra a discriminação Racial no Brasil e na luta pelas cotas, e trazem em seus projetos alunos das mais diferenciadas raças.
Àqueles que ainda insistem em perguntar, para seus padrões de cores eu sou classificado como branco e não estou legislando em causa própria, mas em função daquilo que considero justo.
[1] Rodrigues, Rodolfo. O Racismo está na moda in “Revelação – Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social” . Universidade de Uberaba, abril de 2003, pág. 8.
Retirado de: http://www.klepsidra.net/klepsidra16/cotas.htm

Justiça Social




As condições de vida dos negros no Brasil
Edison Barbieri

Após 110 anos da libertação, os negros brasileiros continuam lutando pela liberdade e cidadania. Depois da África, o Brasil é o país que concentra a maior população negra do mundo e também onde os negros permanecem ocupando a mais baixa localização na pirâmide social
O termo exclusão é o que mais fielmente traduz a condição em que se encontra o povo negro no Brasil e no mundo. Nos últimos anos, experimentou-se, em escala mundial, uma brutal concentração de renda e de poder. As elites põem em prática projetos conservadores, que recolocam o racismo na ordem do dia - quer seja através da rearticulação e do avanço da direita nos países europeus, quer através do desmonte de políticas sociais antes destinadas aos segmentos marginalizados da população.

Na África morreram, no ano passado, cerca de meio milhão de pessoas por doenças pulmonares, além das mortes provocadas pela fome, guerra e epidemias. No Brasil, é a parcela negra da população a mais duramente atingida pelo desmonte das políticas sociais e de saúde, pelos sistemas de controle populacional, pelo desemprego crônico, pela fome e a violência do latifúndio, do aparato policial e dos grupos de extermínio. É negra a maioria de crianças que vivem nas ruas e de jovens assassinados nos centros urbanos.


Dados assustadores

Dados referentes nos Indicadores Sociais Mínimos do IBGE de 1996 mostraram que a taxa de mortalidade entre crianças negras e pardas no Brasil é dois terços superior à da população branca da mesma idade. Em outras palavras, até os 5 anos, elas têm 67% mais chances de morrer do que uma criança branca. O índice de mortalidade de crianças brasileiras pardas e negras de até 5 anos de idade é de 76 para cada mil nascida vivas. Entre as brancas, a taxa cai para 46 mortes em cada mil.

Também entre os adultos, os homens e mulheres negros estão em condições de maior desigualdade em nosso país. Dados do último censo realizado pelo IBGE em 1990, revelam que entre os brasileiros que contavam com carteira assinada, 58% eram brancos e 41% negros (34% considerados pardos mais 7% considerados negros). De cada 100 empregados, 51% sobreviviam com salário mínimo. Do total de trabalhadores que ganhavam um salário mínimo, 79% eram negros. A inserção no mercado de trabalho é precoce: as crianças brancas de 10 a 14 anos somam 14,9% e as negras 20,5%.

Na área educacional, em 1997, segundo o IBGE, 18% da população brasileira é analfabeta, sendo que entre os negros este percentual sobe para 35,5%, enquanto na população branca é de 15%. No outro extremo, 4,2% dos brancos e apenas 1,4% dos negros haviam alcançado o ensino superior. Em todos os níveis educacionais, a participação do segmento branco é nitidamente superior à do segmento negro. Essa desigualdade reflete-se no acesso ao emprego, aos serviços, aos direitos mínimos de cidadania e na participação no poder, além do aspecto ideológico, marcado pelos preconceitos e estereótipos.

Para exemplificar melhor esse fato, segundo os dados do IBGE de 1997, a média salarial da população branca no país foi de 600 reais por mês, já a média da população negra foi de 300 reais.

O conhecimento sobre as desigualdades raciais, que nos leva à constatação de que um trabalhador negro com formação universitária recebe o equivalente à metade do salário de um trabalhador branco com igual qualificação, comprova a teoria de que a discussão sobre a problemática racial não pode estar dissociada da luta pela igualdade de classes, principalmente porque muitos dos trabalhadores são negros.

Negros e violência

O professor Sérgio Adorno, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, há vinte anos vem pesquisando processos na justiça de São Paulo. Entre 1984 a 1988, num fórum de um bairro popular de São Paulo, a Penha, constatou que os negros que representavam 24% da população, participavam com 48% das condenações. Os nordestinos, que são em torno de 18% da população, respondiam por 27% das condenações. Cerca de 5% da população são aqueles cidadãos sem profissão, os chamados biscateiros, que a "justiça" chama de pessoas com "ocupação mal definida". De cada 100 condenados, 35 estavam nessa situação. Outro dado está na população carcerária do Brasil. O último levantamento do Ministério da Justiça indica que cerca de 65% da massa carcerária é de negros e 95% são pobres.

O professor Adorno analisou 500 processos criminais da Cidade de São Paulo, em 1990, e constatou que a maior parte dos réus, 38%, foi condenada por roubo qualificado, em que se usam meios violentos. Os negros são presos em fragrante com mais freqüência que os brancos, na proporção de 58% contra 46%. Isso sugere que recebem uma maior vigilância por parte da polícia. Constatou ainda que 27% dos brancos respondem ao processo em liberdade, enquanto só 15% dos negros conseguem esse benefício. Apenas 25% dos negros levam testemunha de defesa ao tribunal, que é uma prova muito importante, enquanto 42% dos brancos apresentam esse tipo de prova.

É fácil concluir dessa pesquisa do professor da USP que a questão racial tem mais peso do que a financeira. Os negros podem usar exatamente os mesmos direitos de um branco e ainda assim o resultado não será igual. 27% dos negros que contratam, segundo a pesquisa, são absolvidos; no caso dos brancos, a taxa de absolvição chega a 60%.

As condições em que os negros exercem sua cidadania precisam ser reconhecidas por todos como anômalas. Cálculos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 1989, indicam que 44,2% da população brasileira, ou mais de 65 milhões de pessoas, são "pretos" ou "pardos" . No entanto, nas esferas de influência e de poder, a presença negra é restrita, para não dizer nula.

Apesar de o Brasil ter 65 milhões de negros há muitas injustiças contra eles como estamos vendo. Os negros são a maioria dos analfabetos, dos menores salários, nas prisões, nas favelas e nos subempregos e são minoria nas faculdades, entre os empresários, os heróis reconhecidos, os governantes, os bispos, generais, almirantes, brigadeiros e na mídia. Para corroborar essa afirmação, podemos citar Salvador, onde cerca de 60% da população é negra, mas quase não há negros na administração municipal.

A luta anti-racista

A luta anti-racista experimentou um crescimento sem precedente, tanto em função do fortalecimento das organizações autônomas, quanto pela multiplicação de entidades em todo o país, ou pelas novas formas de articulação e de expressão da militância em vários espaços, como por exemplo: locais de trabalho, organizações rurais, sindicatos, movimentos populares, partidos políticos, universidades, parlamento, mulheres negras, órgãos governamentais, entidades religiosas. Nestes âmbitos, devemos ressaltar principalmente as lutas das pastorais do negro da Igreja católica, que começaram com dom Paulo Evaristo Arns, dom Hélder Câmara e dom José Maria Pires, os pioneiros mais sistematizado contra a discriminação dos negros no Brasil, e que depois tomaram corpo em quase todas as dioceses.


http://www.pime.org.br/mundoemissao/justicascond.htm





Ser negro no Brasil hoje


Milton Santos


http://www.ige.unicamp.br/~lmelgaco/santos.htm
Há uma frequente indagação sobre como é ser negro em outros lugares, forma de perguntar, também, se isso é diferente de ser negro no Brasil. As peripécias da vida levaram-nos a viver em quatro continentes, Europa, Américas, África e Ásia, seja como quase transeunte, isto é, conferencista, seja como orador, na qualidade de professor e pesquisador. Desse modo, tivemos a experiência de ser negro em diversos países e de constatar algumas das manifestações dos choques culturais correspondentes. Cada uma dessas vivências foi diferente de qualquer outra, e todas elas diversas da própria experiência brasileira. As realidades não são as mesmas. Aqui, o fato de que o trabalho do negro tenha sido, desde os inícios da história econômica, essencial à manutenção do bem-estar das classes dominantes deu-lhe um papel central na gestação e perpetuação de uma ética conservadora e desigualitária. Os interesses cristalizados produziram convicções escravocratas arraigadas e mantêm estereótipos que ultrapassam os limites do simbólico e têm incidência sobre os demais aspectos das relações sociais. Por isso, talvez ironicamente, a ascensão, por menor que seja, dos negros na escala social sempre deu lugar a expressões veladas ou ostensivas de ressentimentos (paradoxalmente contra as vítimas). Ao mesmo tempo, a opinião pública foi, por cinco séculos, treinada para desdenhar e, mesmo, não tolerar manifestações de inconformidade, vistas como um injustificável complexo de inferioridade, já que o Brasil, segundo a doutrina oficial, jamais acolhera nenhuma forma de discriminação ou preconceito.


500 anos de culpa


Agora, chega o ano 2000 e a necessidade de celebrar conjuntamente a construção unitária da nação. Então é ao menos preciso renovar o discurso nacional racialista. Moral da história: 500 anos de culpa, 1 ano de desculpa. Mas as desculpas vêm apenas de um ator histórico do jogo do poder, a Igreja Católica! O próprio presidente da República considera-se quitado porque nomeou um bravo general negro para a sua Casa Militar e uma notável mulher negra para a sua Casa Cultural. Ele se esqueceu de que falta nomear todos os negros para a grande Casa Brasileira. Por enquanto, para o ministro da Educação, basta que continuem a frequentar as piores escolas e, para o ministro da Justiça, é suficiente manter reservas negras como se criam reservas indígenas. A questão não é tratada eticamente. Faltam muitas coisas para ultrapassar o palavrório retórico e os gestos cerimoniais e alcançar uma ação política consequente. Ou os negros deverão esperar mais outro século para obter o direito a uma participação plena na vida nacional? Que outras reflexões podem ser feitas, quando se aproxima o aniversário da Abolição da Escravatura, uma dessas datas nas quais os negros brasileiros são autorizados a fazer, de forma pública, mas quase solitária, sua catarse anual?

Hipocrisia permanente

No caso do Brasil, a marca predominante é a ambivalência com que a sociedade branca dominante reage, quando o tema é a existência, no país, de um problema negro. Essa equivocação é, também, duplicidade e pode ser resumida no pensamento de autores como Florestan Fernandes e Octavio Ianni, para quem, entre nós, feio não é ter preconceito de cor, mas manifestá-lo. Desse modo, toda discussão ou enfrentamento do problema torna-se uma situação escorregadia, sobretudo quando o problema social e moral é substituído por referências ao dicionário. Veja-se o tempo politicamente jogado fora nas discussões semânticas sobre o que é preconceito, discriminação, racismo e quejandos, com os inevitáveis apelos à comparação com os norte-americanos e europeus. Às vezes, até parece que o essencial é fugir à questão verdadeira: ser negro no Brasil o que é? Talvez seja esse um dos traços marcantes dessa problemática: a hipocrisia permanente, resultado de uma ordem racial cuja definição é, desde a base, viciada. Ser negro no Brasil é frequentemente ser objeto de um olhar vesgo e ambíguo. Essa ambiguidade marca a convivência cotidiana, influi sobre o debate acadêmico e o discurso individualmente repetido é, também, utilizado por governos, partidos e instituições. Tais refrões cansativos tornam-se irritantes, sobretudo para os que nele se encontram como parte ativa, não apenas como testemunha. Há, sempre, o risco de cair na armadilha da emoção desbragada e não tratar do assunto de maneira adequada e sistêmica.

Marcas visíveis

Que fazer? Cremos que a discussão desse problema poderia partir de três dados de base: a corporeidade, a individualidade e a cidadania. A corporeidade implica dados objetivos, ainda que sua interpretação possa ser subjetiva; a individualidade inclui dados subjetivos, ainda que possa ser discutida objetivamente. Com a verdadeira cidadania, cada qual é o igual de todos os outros e a força do indivíduo, seja ele quem for, iguala-se à força do Estado ou de outra qualquer forma de poder: a cidadania define-se teoricamente por franquias políticas, de que se pode efetivamente dispor, acima e além da corporeidade e da individualidade, mas, na prática brasileira, ela se exerce em função da posição relativa de cada um na esfera social.

Costuma-se dizer que uma diferença entre os Estados Unidos e o Brasil é que lá existe uma linha de cor e aqui não. Em si mesma, essa distinção é pouco mais do que alegórica, pois não podemos aqui inventar essa famosa linha de cor. Mas a verdade é que, no caso brasileiro, o corpo da pessoa também se impõe como uma marca visível e é frequente privilegiar a aparência como condição primeira de objetivação e de julgamento, criando uma linha demarcatória, que identifica e separa, a despeito das pretensões de individualidade e de cidadania do outro. Então, a própria subjetividade e a dos demais esbarram no dado ostensivo da corporeidade cuja avaliação, no entanto, é preconceituosa.

A individualidade é uma conquista demorada e sofrida, formada de heranças e aquisições culturais, de atitudes aprendidas e inventadas e de formas de agir e de reagir, uma construção que, ao mesmo tempo, é social, emocional e intelectual, mas constitui um patrimônio privado, cujo valor intrínseco não muda a avaliação extrínseca, nem a valoração objetiva da pessoa, diante de outro olhar. No Brasil, onde a cidadania é, geralmente, mutilada, o caso dos negros é emblemático. Os interesses cristalizados, que produziram convicções escravocratas arraigadas, mantêm os estereótipos, que não ficam no limite do simbólico, incidindo sobre os demais aspectos das relações sociais. Na esfera pública, o corpo acaba por ter um peso maior do que o espírito na formação da socialidade e da sociabilidade.

Peço desculpas pela deriva autobiográfica. Mas quantas vezes tive, sobretudo neste ano de comemorações, de vigorosamente recusar a participação em atos públicos e programas de mídia ao sentir que o objetivo do produtor de eventos era a utilização do meu corpo como negro -imagem fácil- e não as minhas aquisições intelectuais, após uma vida longa e produtiva. Sem dúvida, o homem é o seu corpo, a sua consciência, a sua socialidade, o que inclui sua cidadania. Mas a conquista, por cada um, da consciência não suprime a realidade social de seu corpo nem lhe amplia a efetividade da cidadania. Talvez seja essa uma das razões pelas quais, no Brasil, o debate sobre os negros é prisioneiro de uma ética enviesada. E esta seria mais uma manifestação da ambiguidade a que já nos referimos, cuja primeira consequência é esvaziar o debate de sua gravidade e de seu conteúdo nacional.


Olhar enviesado


Enfrentar a questão seria, então, em primeiro lugar, criar a possibilidade de reequacioná-la diante da opinião, e aqui entra o papel da escola e, também, certamente, muito mais, o papel frequentemente negativo da mídia, conduzida a tudo transformar em "faits-divers", em lugar de aprofundar as análises. A coisa fica pior com a preferência atual pelos chamados temas de comportamento, o que limita, ainda mais, o enfrentamento do tema no seu âmago. E há, também, a displicência deliberada dos governos e partidos, no geral desinteressados do problema, tratado muito mais em termos eleitorais que propriamente em termos políticos. Desse modo, o assunto é empurrado para um amanhã que nunca chega.

Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros e assim tranquilamente se comporta. Logo, tanto é incômodo haver permanecido na base da pirâmide social quanto haver "subido na vida".

Pode-se dizer, como fazem os que se deliciam com jogos de palavras, que aqui não há racismo (à moda sul-africana ou americana) ou preconceito ou discriminação, mas não se pode esconder que há diferenças sociais e econômicas estruturais e seculares, para as quais não se buscam remédios. A naturalidade com que os responsáveis encaram tais situações é indecente, mas raramente é adjetivada dessa maneira. Trata-se, na realidade, de uma forma do apartheid à brasileira, contra a qual é urgente reagir se realmente desejamos integrar a sociedade brasileira de modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja, também, ser plenamente brasileiro no Brasil.


Artigo escrito por Milton Santos, geógrafo, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP

Fonte: Folha de S.Paulo - Mais - brasil 501 d.c. - 07 de maio de 2000


Ética enviesada da sociedade branca desvia enfrentamento do problema negro


Há uma frequente indagação sobre como é ser negro em outros lugares, forma de perguntar, também, se isso é diferente de ser negro no Brasil. As peripécias da vida levaram-nos a viver em quatro continentes, Europa, Américas, África e Ásia, seja como quase transeunte, isto é, conferencista, seja como orador, na qualidade de professor e pesquisador. Desse modo, tivemos a experiência de ser negro em diversos países e de constatar algumas das manifestações dos choques culturais correspondentes. Cada uma dessas vivências foi diferente de qualquer outra, e todas elas diversas da própria experiência brasileira. As realidades não são as mesmas. Aqui, o fato de que o trabalho do negro tenha sido, desde os inícios da história econômica, essencial à manutenção do bem-estar das classes dominantes deu-lhe um papel central na gestação e perpetuação de uma ética conservadora e desigualitária. Os interesses cristalizados produziram convicções escravocratas arraigadas e mantêm estereótipos que ultrapassam os limites do simbólico e têm incidência sobre os demais aspectos das relações sociais. Por isso, talvez ironicamente, a ascensão, por menor que seja, dos negros na escala social sempre deu lugar a expressões veladas ou ostensivas de ressentimentos (paradoxalmente contra as vítimas). Ao mesmo tempo, a opinião pública foi, por cinco séculos, treinada para desdenhar e, mesmo, não tolerar manifestações de inconformidade, vistas como um injustificável complexo de inferioridade, já que o Brasil, segundo a doutrina oficial, jamais acolhera nenhuma forma de discriminação ou preconceito.


500 anos de culpa

Agora, chega o ano 2000 e a necessidade de celebrar conjuntamente a construção unitária da nação. Então é ao menos preciso renovar o discurso nacional racialista. Moral da história: 500 anos de culpa, 1 ano de desculpa. Mas as desculpas vêm apenas de um ator histórico do jogo do poder, a Igreja Católica! O próprio presidente da República considera-se quitado porque nomeou um bravo general negro para a sua Casa Militar e uma notável mulher negra para a sua Casa Cultural. Ele se esqueceu de que falta nomear todos os negros para a grande Casa Brasileira. Por enquanto, para o ministro da Educação, basta que continuem a frequentar as piores escolas e, para o ministro da Justiça, é suficiente manter reservas negras como se criam reservas indígenas. A questão não é tratada eticamente. Faltam muitas coisas para ultrapassar o palavrório retórico e os gestos cerimoniais e alcançar uma ação política consequente. Ou os negros deverão esperar mais outro século para obter o direito a uma participação plena na vida nacional? Que outras reflexões podem ser feitas, quando se aproxima o aniversário da Abolição da Escravatura, uma dessas datas nas quais os negros brasileiros são autorizados a fazer, de forma pública, mas quase solitária, sua catarse anual?


Hipocrisia permanente


No caso do Brasil, a marca predominante é a ambivalência com que a sociedade branca dominante reage, quando o tema é a existência, no país, de um problema negro. Essa equivocação é, também, duplicidade e pode ser resumida no pensamento de autores como Florestan Fernandes e Octavio Ianni, para quem, entre nós, feio não é ter preconceito de cor, mas manifestá-lo. Desse modo, toda discussão ou enfrentamento do problema torna-se uma situação escorregadia, sobretudo quando o problema social e moral é substituído por referências ao dicionário. Veja-se o tempo politicamente jogado fora nas discussões semânticas sobre o que é preconceito, discriminação, racismo e quejandos, com os inevitáveis apelos à comparação com os norte-americanos e europeus. Às vezes, até parece que o essencial é fugir à questão verdadeira: ser negro no Brasil o que é? Talvez seja esse um dos traços marcantes dessa problemática: a hipocrisia permanente, resultado de uma ordem racial cuja definição é, desde a base, viciada. Ser negro no Brasil é frequentemente ser objeto de um olhar vesgo e ambíguo. Essa ambiguidade marca a convivência cotidiana, influi sobre o debate acadêmico e o discurso individualmente repetido é, também, utilizado por governos, partidos e instituições. Tais refrões cansativos tornam-se irritantes, sobretudo para os que nele se encontram como parte ativa, não apenas como testemunha. Há, sempre, o risco de cair na armadilha da emoção desbragada e não tratar do assunto de maneira adequada e sistêmica.

Marcas visíveis


Que fazer? Cremos que a discussão desse problema poderia partir de três dados de base: a corporeidade, a individualidade e a cidadania. A corporeidade implica dados objetivos, ainda que sua interpretação possa ser subjetiva; a individualidade inclui dados subjetivos, ainda que possa ser discutida objetivamente. Com a verdadeira cidadania, cada qual é o igual de todos os outros e a força do indivíduo, seja ele quem for, iguala-se à força do Estado ou de outra qualquer forma de poder: a cidadania define-se teoricamente por franquias políticas, de que se pode efetivamente dispor, acima e além da corporeidade e da individualidade, mas, na prática brasileira, ela se exerce em função da posição relativa de cada um na esfera social.

Costuma-se dizer que uma diferença entre os Estados Unidos e o Brasil é que lá existe uma linha de cor e aqui não. Em si mesma, essa distinção é pouco mais do que alegórica, pois não podemos aqui inventar essa famosa linha de cor. Mas a verdade é que, no caso brasileiro, o corpo da pessoa também se impõe como uma marca visível e é frequente privilegiar a aparência como condição primeira de objetivação e de julgamento, criando uma linha demarcatória, que identifica e separa, a despeito das pretensões de individualidade e de cidadania do outro. Então, a própria subjetividade e a dos demais esbarram no dado ostensivo da corporeidade cuja avaliação, no entanto, é preconceituosa.

A individualidade é uma conquista demorada e sofrida, formada de heranças e aquisições culturais, de atitudes aprendidas e inventadas e de formas de agir e de reagir, uma construção que, ao mesmo tempo, é social, emocional e intelectual, mas constitui um patrimônio privado, cujo valor intrínseco não muda a avaliação extrínseca, nem a valoração objetiva da pessoa, diante de outro olhar. No Brasil, onde a cidadania é, geralmente, mutilada, o caso dos negros é emblemático. Os interesses cristalizados, que produziram convicções escravocratas arraigadas, mantêm os estereótipos, que não ficam no limite do simbólico, incidindo sobre os demais aspectos das relações sociais. Na esfera pública, o corpo acaba por ter um peso maior do que o espírito na formação da socialidade e da sociabilidade.

Peço desculpas pela deriva autobiográfica. Mas quantas vezes tive, sobretudo neste ano de comemorações, de vigorosamente recusar a participação em atos públicos e programas de mídia ao sentir que o objetivo do produtor de eventos era a utilização do meu corpo como negro -imagem fácil- e não as minhas aquisições intelectuais, após uma vida longa e produtiva. Sem dúvida, o homem é o seu corpo, a sua consciência, a sua socialidade, o que inclui sua cidadania. Mas a conquista, por cada um, da consciência não suprime a realidade social de seu corpo nem lhe amplia a efetividade da cidadania. Talvez seja essa uma das razões pelas quais, no Brasil, o debate sobre os negros é prisioneiro de uma ética enviesada. E esta seria mais uma manifestação da ambiguidade a que já nos referimos, cuja primeira consequência é esvaziar o debate de sua gravidade e de seu conteúdo nacional.


Olhar enviesado


Enfrentar a questão seria, então, em primeiro lugar, criar a possibilidade de reequacioná-la diante da opinião, e aqui entra o papel da escola e, também, certamente, muito mais, o papel frequentemente negativo da mídia, conduzida a tudo transformar em "faits-divers", em lugar de aprofundar as análises. A coisa fica pior com a preferência atual pelos chamados temas de comportamento, o que limita, ainda mais, o enfrentamento do tema no seu âmago. E há, também, a displicência deliberada dos governos e partidos, no geral desinteressados do problema, tratado muito mais em termos eleitorais que propriamente em termos políticos. Desse modo, o assunto é empurrado para um amanhã que nunca chega.

Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros e assim tranquilamente se comporta. Logo, tanto é incômodo haver permanecido na base da pirâmide social quanto haver "subido na vida".

Pode-se dizer, como fazem os que se deliciam com jogos de palavras, que aqui não há racismo (à moda sul-africana ou americana) ou preconceito ou discriminação, mas não se pode esconder que há diferenças sociais e econômicas estruturais e seculares, para as quais não se buscam remédios. A naturalidade com que os responsáveis encaram tais situações é indecente, mas raramente é adjetivada dessa maneira. Trata-se, na realidade, de uma forma do apartheid à brasileira, contra a qual é urgente reagir se realmente desejamos integrar a sociedade brasileira de modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja, também, ser plenamente brasileiro no Brasil.
Artigo escrito por Milton Santos, geógrafo, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP

Fonte: Folha de S.Paulo

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O papel do negro na sociedade atual e no futuro do país


Luciano Cerqueira é pesquisador do Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas (IBASE) e um dos coordenadores da campanha Onde você guarda o seu racismo? A seguir, ele fala sobre a situação do negro no Brasil em diversos setores e relata como debates e conscientização podem mudar este quadro.

Portal Cidadania Embraer - Como o racismo acontece no Brasil?

Luciano Cerqueira - No Brasil, na maioria das vezes em que se observa o racismo, é por meio de gestos, piadas, olhares e atitudes. Nas últimas décadas, poucas vezes, tirando a agressividade com que os policiais tratam os jovens negros, tivemos casos de agressão a pessoas negras e que poderiam ser classificados como racismo. Contudo, pessoas são barradas em elevadores, passam constrangimento nas portas giratórias dos bancos, são paradas pela polícia, são consideradas incapazes por não serem brancas. Isso não é violento, mas é racismo.

Portal Cidadania Embraer - As mulheres negras são as maiores vítimas?

Luciano Cerqueira - Sim. Segundo pesquisa realizada pela UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher) e pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), os dados não deixam dúvidas quanto à situação da mulher negra no Brasil. Nesta publicação, que faz parte do Programa de Igualdade de Gênero e Raça, estão reunidos um conjunto de indicadores sobre as desigualdades de gênero e raça no Brasil. Podemos destacar os seguintes dados: enquanto 28,73% das mulheres brancas nunca fizeram exame clínico de mama, entre as mulheres negras, a percentagem é de 46,27%. Outro indicador dessa desigualdade entre raças é a média de renda da ocupação principal: as mulheres brancas recebem, em média, R$ 554,60; já as mulheres negras recebem R$ 279,70.
Portal Cidadania Embraer - O que a pessoa vítima de preconceito racial deve fazer?

Luciano Cerqueira - Ela deve ir direto à delegacia e dar queixa do ocorrido ao delegado, que deve registrar como crime de racismo, que é inafiançável. Mas, como no Brasil ainda se tem resistência em registrar este tipo de atitude como crime de racismo (esta dificuldade tem relação com a crença na democracia racial que supostamente existe no Brasil), é recomendável que a pessoa procure uma entidade que trabalhe na defesa dos direitos humanos e de combate ao racismo.

Portal Cidadania Embraer - Cite algumas instituições com trabalho reconhecido em inclusão racial.

Luciano Cerqueira - O Ibase, a ONG carioca Criola, o Centro de Democratização da Informática (CDI), A Associação Beneficente São Martinho, entre outras.

Portal Cidadania Embraer - Qual a ligação entre o preconceito racial e os problemas sociais?

Luciano Cerqueira - Ela é bastante expressiva. Vejamos o exemplo do mercado de trabalho. Se observarmos onde se situam os negros no mercado de trabalho, a partir dos dados de posição na ocupação, fica claro que estes se concentram em atividades mais precárias e com menor proteção social do que a população branca. Enquanto 34,5% dos brancos estão em ocupações com carteira assinada, apenas 25,6% dos negros estão na mesma situação. De forma semelhante, 5,9% dos brancos são empregadores, apenas 2,3% dos negros o são. No outro extremo, 22,4% de negros concentrados em atividades sem carteira assinada e apenas 16,2% dos brancos em mesma posição.

Portal Cidadania Embraer - Mas não é só na questão de trabalho, né?
Luciano Cerqueira - Não. Na saúde também os dados são alarmantes, principalmente para as mulheres negras. As negras têm menor acesso à educação e são inseridas nas posições menos qualificadas do mercado de trabalho. Estas condições se refletem na ausência de informações e conhecimento sobre o acesso aos serviços de saúde, por exemplo, ao exame clínico de mamas, que é um exame preventivo de extrema importância para detecção precoce do câncer de mama. Os dados informam que mais da metade das mulheres negras, com 40 anos ou mais de idade, em regiões como norte e nordeste, nunca realizou este exame.
Portal Cidadania Embraer - O racismo no Brasil é realmente velado?

Luciano Cerqueira - Sim. Hoje não é socialmente aceitável uma pessoa se dizer racista ou ter atitudes que deixem claro esse sentimento. Então o que as pessoas fazem? Disfarçam esse sentimento. Elas não dizem que aquele emprego oferecido é só para brancos, mas elas pedem “boa aparência”. E aí sabemos quem são as pessoas de boa aparência. Ninguém sai por aí dizendo em alto e bom tom que todo negro é ladrão, mas a polícia pára todos os homens negros em uma blitz. E as pessoas que assitem a uma cena dessas acham isso normal, que não tem nada demais parar todos os negros e revistá-los, pois os policiais só estão zelando pela segurança da comunidade. Não é preciso dizer que é racista, é só nós prestarmos atenção nas atitudes.
Portal Cidadania Embraer - Por que fazer uma campanha para estimular o debate sobre o racismo?
Luciano Cerqueira - É preciso acabar, de uma vez por todas, com essa idéia de que o Brasil vive numa democracia racial. É mentira e muitas pessoas sabem disso, mas outras não. Por isso resolvemos falar de racismo, precisamos fazer com que as pessoas deixem de acreditar que o racismo não existe no Brasil, e deixem de lado suas atitudes racistas, que, em muitos casos, já estão incorporadas no nosso cotidiano. Quando lançamos a campanha com a pergunta Onde você guarda seu racismo?, partimos do princípio de que todos nós somos racistas e em alguns momentos acabamos por manifestar este sentimento. Precisamos fazer as pessoas entenderem que, enquanto uma parte da população não puder usufruir dos seus direitos, não poderemos dizer que vivemos em um país livre e democrático.
Portal Cidadania Embraer - Faça um balanço da campanha Onde você guarda seu racismo? desde o início e diga quais os projetos para o futuro.

Luciano Cerqueira - A campanha tem uma ótima aceitação nos meios de comunicação e com o público em geral. Nestes 12 meses de campanha, o nosso site Dialogos contra o Racismo recebeu milhares de visitas de pessoas que queriam mais informações sobre racismo, outras para nos criticar dizendo que nós estávamos fomentando o racismo, outras queriam contar casos em que são vítimas, muitas pessoas nos elogiando pela iniciativa. Tivemos também um número grande de adesões de organizações que queriam se juntar à campanha e fazer parte desta luta. Hoje, graças a alguns destes parceiros, a campanha está em todo o país. Estamos na fase final de elaboração e criação de novos vídeos, spots de rádio, panfletos e cartazes, que devem começar a ser distribuídos no início de 2006. Vamos tentar manter a campanha atuante com a mesma qualidade do primeiro ano
Portal Cidadania Embraer - Onde você guarda seu racismo?

Luciano Cerqueira - Com o passar dos anos, fui aprendendo que muito do que ouvi na minha infância e durante a adolescência era mentira. Mas mesmo depois de tantos anos e de uma luta interna muito grande, ainda fico com medo quando estou andando à noite e vejo um homem negro. Isso é um misto de medo da violência com racismo. Tenho que me livrar desse sentimento e a campanha está me ajudando a jogá-lo fora.


http://www.cidadaniaembraer.org.br/site/pagina.php?idconteudo=175

Brasil e o sistema de cotas


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Brasil negro

Sistema de cotas para negros amplia debate sobre racismo

O sistema de cotas para negros nas universidades, adotado pela primeira vez na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), em 2001, ainda gera polêmica e divide opiniões. Há vários argumentos contra e a favor, todos bastante sensatos. Nem mesmo o governo brasileiro parece saber que posição tomar e demonstra ambigüidade sobre a questão. Tanta incerteza, no entanto, tem um ponto positivo: a reserva de vagas gera um debate importante sobre o racismo no Brasil, um país onde o preconceito existe, ainda que de forma velada.
A primeira instituição federal de ensino superior a implementar o sistema de cotas foi a Universidade de Brasília (UnB), que aprovou em junho deste ano um plano de metas para integração racial e étnica. O projeto, que entrará em vigor em 2004, prevê a reserva de vagas para negros e, num percentual menor, índios, durante dez anos.
Um dos autores da proposta da UnB, o professor José Jorge de Carvalho, do Departamento de Antropologia, acredita que o sistema de cotas é a única forma de se resolver o problema da exclusão racial no curto prazo. O preconceito, segundo ele, está presente nas salas de aula. Carvalho passou a defender as cotas depois de testemunhar o caso de um aluno negro prejudicado por um professor, aparentemente por motivos raciais.
"Há poucos negros na universidade e isso dificulta que eles se unam para lutar por seus direitos. É preciso mudar o tipo de relação que existe na academia. E isso só vai acontecer quando houver vários negros lá dentro", afirma Carvalho.
Os dados apresentados pelo professor mostram que a exclusão é perversa: 97% dos atuais universitários brasileiros são brancos, contra 2% de negros e 1% de amarelos. O desequilíbrio, num país em que 45% da população é negra, deixa claro que são necessárias medidas urgentes para inserção do negro no ensino superior. Mas a solução das cotas, a única de caráter prático apresentada até o momento, está longe de ser uma unanimidade.

Cisão racial
Alguns argumentam que a idéia de raça deve ser abolida, por estimular a divisão do país em grupos étnicos. A cisão racial seria um passo em direção ao conflito. "Desde o Modernismo, nossa sociedade se vê como misturada. A introdução do sistema de cotas rompe com esse ideário e produz uma sociedade que tem a obrigação legal de se classificar como 'branca ou negra'. Em outros países, políticas que reforçaram a condição racial geraram conflitos inimagináveis, como em Ruanda, Kosovo e África do Sul", alerta Yvonne Maggie, professora titular de antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Para Carvalho, no entanto, a adoção de cotas apenas revela um preconceito que já é real. "Pode explicitar o racismo, que é latente, mas não gerar um preconceito maior que o já existente. Os negros estiveram fora do sistema apesar da mestiçagem, que não garantiu a eles o acesso ao ensino superior. Geneticamente não há raças, mas socialmente elas existem: a discriminação é pela cor da pele. A intervenção no sistema deve ser racial. Sem as cotas, os negros continuarão fora do sistema.", ressalta.
Mas segundo Yvonne, historicamente, a maioria das entidades de defesa dos negros tentou combater o preconceito sem usar a idéia de raça como referência ou exigir qualquer tipo de favorecimento. Ela cita o exemplo do movimento radicado na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, conhecido como Pré-Vestibular para Negros e Carentes (PVNC), que além de preparar jovens para ingressarem na universidade, procura dar noções de direitos sociais e cidadania.
"No PVNC, negros e pobres (brancos ou não) concorriam em igualdade de condições. Os mentores do movimento eram contra qualquer tipo de ajuda financeira ou cotas. Eles não queriam modificar o sistema, mas sim preparar esses alunos para ingressar nele. As cotas eram consideradas por muitos como favor e eles queriam concorrer em pé de igualdade. Esta era a primeira versão do movimento, que inverteu o seu paradigma e hoje quer que os negros tenham cotas, ou seja, privilégio", explica a antropóloga.
Por esse motivo, Yvonne defende políticas de inclusão com base na situação econômica do aluno. A lei estadual que introduziu as cotas, prevendo 40% de vagas para negros e pardos, nas universidades do Rio de Janeiro, no ano passado, foi modificada. Se antes negros e pardos tinham o privilégio, independentemente de sua posição social, agora só negros carentes têm direito às cotas. Para o vestibular de 2004, estão previstas 20% das vagas para estudantes da rede pública de ensino, 20% para candidatos negros e 5% para portadores de deficiências físicas e integrantes de minorias étnicas, todos comprovadamente carentes.

Princípio de igualdade
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam que dos 22 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza, 70% são negros; entre os 53 milhões de pobres do país, 63% são negros. A política de cotas aplicada a carentes beneficiaria principalmente a população negra. Esta é a opinião de Demétrio Magnoli, doutor em geografia humana, para quem a reserva de vagas para negros seria contrária à democracia. "As cotas são uma solução simplista, que rompe com o princípio republicano básico de igualdade entre os cidadãos. Os negros não têm acesso ao ensino superior porque, na maioria dos casos, são pobres e passaram anos estudando em escolas públicas arruinadas. Em vez de cotas, o Estado deveria aumentar os investimentos no ensino público. Em poucos anos, os negros passariam a ocupar as melhores vagas nas universidades", acredita Magnoli.
O jurista Ives Gandra vai além. Segundo ele, o sistema de cotas é inconstitucional, porque fere o princípio fundamental de igualdade entre os cidadãos: "É uma discriminação às avessas, em que o branco não tem direito a uma vaga mesmo se sua pontuação for maior. Reconheço que o preconceito existe, mas a política afirmativa não deve ser feita no ensino superior, e sim no de base".
É justamente no ensino público que reside uma outra crítica à reserva de vagas. Ao adotar a medida, que não gera custos para os cofres públicos, o governo pode deixar para segundo plano o problema da educação. Segundo Magnoli, as cotas produzem um efeito estatístico positivo, ao aumentar o número de negros nas universidades, mas não acabam com a exclusão.
"Colocar um punhado de negros nas universidades por meio de cotas não resolve o problema social. Beneficia apenas aqueles indivíduos que entram. A mim, me espanta que pessoas de esquerda defendam as cotas. O pensamento esquerdista se baseia na idéia da universalidade de direitos. Só o pensamento ultraliberal não vê os indivíduos como um conjunto de cidadãos, mas sim de consumidores. No interior desse conceito é que surge a idéia de políticas compensatórias, para corrigir desvios de mercado", critica Magnoli.

Medida emergencial
Os defensores das cotas concordam que o sistema não é uma solução definitiva. A maioria dos programas é temporária, como uma medida emergencial. Mas se essa política não é ideal, poucas são as alternativas viáveis e de resultados imediatos apresentadas até o momento. O investimento do governo no ensino básico, por exemplo, depende de fatores políticos de difícil previsão e só terá efeitos no longo prazo.
Para o professor Antonio Sérgio Guimarães, do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do programa de pesquisa, ensino e extensão em relações étnicas e raciais, o fundamental é não adiar a solução do problema. "As cotas foram, até agora, o único mecanismo encontrado por algumas universidades brasileiras para resolver o difícil acesso de negros e pobres às universidades públicas. É uma iniciativa corajosa e só dentro de alguns anos poderemos avaliar se realmente cumpre a sua finalidade. As piores opções são não fazer nada ou querer nos fazer crer que está tudo bem, ou que as cotas representam um grande perigo para a cultura brasileira, para as relações raciais no Brasil, para o futuro da humanidade. O que realmente não gosto é do conservadorismo travestido de humanismo. Se existem meios melhores que as cotas para aumentar o acesso de negros à universidade pública, que se adotem esses meios, que se façam programas sérios e eficientes, sem transferir o problema para outra esfera ou outra geração", avalia Guimarães.
Outra crítica ao sistema de cotas diz respeito à identificação dos candidatos às vagas reservadas. Até o momento, as universidades adotaram como critério a auto-declaração. A solução gerou controvérsias, depois que alguns candidatos brancos classificaram-se como negros para obter o benefício das cotas.
"Obviamente, qualquer critério pode ser burlado. Se as pessoas acham que nossa especificidade é sermos trapaceiros e que nenhuma política social pode funcionar entre nós, estaremos então fadados à lei de mercado mais selvagem", rebate Guimarães.

Debate
O governo vem agindo com cautela. O ministro da Educação, Cristovam Buarque, reconhece que o sistema de cotas não é ideal, mas apóia a medida até que o ensino público tenha condições de preparar melhor os estudantes. Buarque tenta estimular a reserva de vagas para negros, mas não quer impor a medida por leis, o que poderia ser interpretado como interferência na autonomia das universidades.

"A política de cotas não é uma novidade, já foi adotada para defender mulheres na política, por exemplo, e ninguém a considerou atrasada. Quando é para o negro, surge a discussão. Nós, do movimento negro, não desejamos ferir a autonomia das universidades. Mas há uma demanda, poucos negros estão no ensino superior", declara o deputado federal Gilmar Machado (PT-MG), um dos coordenadores da bancada de negros na Câmara dos Deputados.
Em julho deste ano, o Ministério da Educação lançou o edital do programa Diversidade na Universidade, que promete repassar recursos de até US$ 100 mil para instituições que mantenham projetos educativos para grupos socialmente desfavorecidos. As concorrentes devem ter pelo menos 51% de afro-descendentes e/ou indígenas e repassar entre 40% e 50% do valor para os estudantes, sob a forma de bolsas.
Esse tipo de ajuda financeira deveria ser avaliado pelos programas de cotas, porque pode decidir a permanência de alunos beneficiados nas faculdades. Como a maioria da população negra é pobre, é de se esperar que boa parte desses estudantes tenham dificuldades em se manter nas universidades, mesmo que públicas. Além das despesas de transporte e alimentação, há os custos de materiais didáticos. Em algumas áreas, como a saúde, o preço de um livro pode superar um salário mínimo. Sem as bolsas de apoio, o sistema pode redundar em vagas ociosas.
"O aluno que já é carente, na universidade terá ainda mais gastos. Como ele vai fazer para se manter? Temos que pagar passagem, alimentação, fotocópias. Já pensei em trancar o curso no próximo semestre, para poder trabalhar um turno a mais. Só não fiz isso porque me aconselharam a não desistir, pois seria difícil voltar depois", relata a aluna de pedagogia Sueli das Neves, que trabalha como operadora de telemarketing e entrou na Uerj pelo sistema de cotas no início do ano.
Em meio a tantos argumentos, a estudante Marisa Santana, da graduação em ciências sociais da UFRJ, sente-se dividida. Ex-aluna e ex-professora do PVNC, ela defende a necessidade de um amplo debate sobre o racismo, mais do que um posicionamento da sociedade em relação às cotas.
"Ser contra ou a favor limita a discussão. O importante é pensar sobre o racismo. Eu mesma fico dividida: como ativista do movimento negro, sou totalmente a favor das cotas; como cientista social, sou contra. Quando se toma um critério racial como base para a definição das cotas, fomenta-se o preconceito. Já ouvi coisas terríveis, como 'negro é tão inferior que precisa de cotas'. Acho que as cotas deveriam ser focalizadas em pobres, não em negros, como fez a Uerj. Antes da mudança, muitos dos que entraram eram negros que tiveram uma boa educação. Isso não é revolução nenhuma, talvez eles tivessem entrado de qualquer forma", diz a estudante.

http://www.comciencia.br/reportagens/negros/06.shtml

8 de Maio - Dia das Mães






A data no Brasil:

No Brasil, o Dia das mães é comemorado sempre no segundo domingo de maio (de acordo com decreto assinado em 1932 pelo presidente Getúlio Vargas). É uma data especial, pois as mães recebem presentes e lembranças de seus filhos. Já se tornou uma tradição esta data comemorativa.
História: Encontramos na Grécia Antiga os primeiros indícios de comemoração desta data. Os gregos prestavam homenagens a deusa Reia, mãe comum de todos os seres. Neste dia, os gregos faziam ofertas, oferecendo presentes, além de prestarem homenagens à deusa.
Os romanos, que também eram politeístas e seguiam uma religião muita parecida com a grega, faziam este tipo de celebração. Em Roma, durava cerca de 3 dias ( entre 15 a 18 de março). Também eram realizadas festas em homenagem a Cibele, mãe dos deuses.
Porém, a comemoração tomou um caráter cristão somente nos primórdios do cristianismo. Era uma celebração realizada em homenagem a Virgem Maria, a mãe de Jesus.
Mas uma comemoração mais semelhante a dos dias atuais podemos encontrar na Inglaterra do século XVII. Era o “Domingo das Mães”. Durante as missas, os filhos entregavam presentes para suas mães. Aqueles filhos que trabalhavam longe de casa, ganhavam o dia para poderem visitar suas mães. Portanto, era um dia destinado a visitar as mães e dar presentes, muito parecido com que fazemos atualmente.
Nos Estados Unidos, a idéia de criar uma data em homenagem às mães foi proposta, em 1904, por Anna Jarvis. A idéia de Anna era criar uma data em homenagem a sua mãe que havia sido um exemplo de mulher, pois havia prestado serviços comunitários durante a Guerra Civil Americana. Seus pedidos e sua campanha deram certo e a data foi oficializada, em 1914, pelo Congresso Norte-Americano. A lei, que declarou o Dia das Mães como festa nacional, foi aprovada pelo presidente Woodrow Wilson. Após esta iniciativa, muitos outros países seguiram o exemplo e incluíram a data no calendário.
Após estes eventos, a data espalhou-se pelo mundo todo, porém ganhando um caráter comercial. A essência da data estava sendo esquecida e foco passou a ser a compra de presentes, ditado pelas lojas como objetivos meramente comerciais. Este fato desagradou Anna Jarvis, que estava muito desapontada em ver que o caráter de solidariedade e amor da data estavam se perdendo. Ela tentou modificar tudo isso. Em 1923, liderou uma campanha contra a comercialização desta data. Embora com muita repercussão, a campanha pouco conseguiu mudar.

http://www.suapesquisa.com/historia_dia_das_maes.htm


1o de Maio - Dia do Trabalho


utilize este link para pesquisar:


http://www.brasilescola.com/datacomemorativas/dia-do-trabalho.htm

24 de Abril - Domingo de Páscoa




Páscoa - Qual o verdadeiro significado?

Qual é a origem e significado da Páscoa? Como surgiu a idéia do coelho e ovos de chocolate? E por que na sexta-feira dizem que não se deve comer carne mas sim peixe?

A páscoa pode cair em qualquer domingo entre 22 de março e 25 de abril. Tem sido modernamente celebrada com ovos e coelhos de chocolate com muita alegria. O moderno ovo de páscoa apareceu por volta de 1828, quando a indústria de chocolate começou a desenvolver-se. Ovos gigantescos, super decorados, era a moda das décadas de 1920 e 1930. Porém, o maior ovo e o mais pesado que a história regista, ficou pronto no dia 9 de abril de 1992. É da Cidade de Vitória na Austrália. Tinha 7 metros e dez centímetros de altura e pesava 4 toneladas e 760 quilos. Mas o que é que tem a ver ovos e coelhos com a morte e ressurreição de Cristo?



A origem dos ovos e coelhos é antiga e cheia de lendas.

Segundo alguns autores, os anglo-saxões teriam sido os primeiros a usar o coelho como símbolo da Páscoa. Outras fontes porém, o relacionam ao culto da fertilidade celebrado pelos babilônicos e depois transportado para o Egito. A partir do século VIII, foi introduzido nas festividades da páscoa um deus teuto-saxão, isto é, originário dos germanos e ingleses. Era um deus para representar a fertilidade e a luz. À figura do coelho juntou-se o ovo que é símbolo da própria vida. Embora aparentemente morto, o ovo contém uma vida que surge repentinamente; e este é o sentido para a Páscoa, após a morte, vem a ressurreição e a vida. A Igreja no século XVIII, adotou oficialmente o ovo como símbolo da ressurreição de Cristo. Assim foi santificado um uso originalmente pagão, e pilhas de ovos coloridos começaram a ser benzidos antes de sua distribuição aos fiéis.

Em 1215 na Alsácia, França, surgiu a lenda de que um dos coelhinhos da floresta foi o animal escolhido para levar um ninho cheio de ovos ao principezinho que esta doente. E ainda hoje se tem o hábito de presentear os amigos com ovos, na Páscoa. Não mais ovos de galinha, mas de chocolate. A idéia principal ressurreição, renovação da vida foi perdida de vista, mas os chocolates não, ele continuam sendo supostamente trazidos por um coelhinho...

O Peixe, foi símbolo adotado pelos primeiros cristãos. Em grego, a palavra peixe era um símbolo da confissão da fé, e significava: "Jesus Cristo, filho de Deus e Salvador." O costume de comer peixe na sexta-feira santa, está associado ao fato de Jesus ter repartido este alimento entre o povo faminto. Assim a tradição de não se comer carne com sangue derramado por Cristo em nosso favor.

http://www.jesusvoltara.com.br/atuais/pascoa_significado.html



Outra versão pode ser encontarda no link abaixo:



http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/kids/kidlink/kidcafe-esc/significado.html


Uma feliz páscoa a todos!

22 de Abril - Invasão, achamento, conquista, descoberta ou invasão do Brasil?















Escrito por Ivandilson Miranda Silva

Seg, 20 de Abril de 2009

22 de abril de 1500, data que oficialmente marca a fundação do Brasil. Neste período, os portugueses ocupam o território cercado por Pau-Brasil, riquezas naturais, belos animais e os povos originais (popularmente chamados de índios).
O 22 de abril não é comemorado nacionalmente porque, nesta data, a sociedade reflete sobre o surgimento desse país, dessa nação. Somos fruto de uma "mistura", um encontro conflituoso entre três grupos étnicos (indígenas, africanos e portugueses) que solidificaram o nosso Ethos e o nosso Modus vivendi.
Quem pensa que o processo foi harmônico se engana. O colonizador (o português) aprisionou indígenas, escravizou africanos, impôs seu jeito, sua língua, sua religião, mas houve muita resistência e revolta.
Ao longo desses 509 anos foram intensos os conflitos e lutas pela libertação, pela dignidade e pela democracia na nossa nação. Confederação dos Tamoios - revolta indígena, Rio de Janeiro (1556-1567) ,Guerra dos Aimorés - índios contra luso-brasileiros, Bahia (1555-1673) Guerra dos Potiguares - índios contra luso-brasileiros, Paraíba e Rio Grande do Norte (1586-1599) , Levante dos Malês em 1835 em Salvador, Revolta de Búzios ou Conjuração Baiana de 1798, Guerra de Palmares de 1690 a 1695 na serra da Barriga, região hoje pertencente ao estado de Alagoas.
São estes e outros conflitos e lutas que demonstram que o nosso país ainda é um espaço em plena ebulição, uma atmosfera de contrastes, preconceitos, riquezas e pontencialdades.
Não temos o que comemorar, mas a pergunta ainda persiste: Invenção, achamento, conquista, descoberta ou invasão?

http://www.textolivre.com.br/livre/15949-brasil-invencao-achamento-conquista-descoberta-ou-invasao


E você descobriu esse Brasil?


21 de Abril - A invenção de Tiradentes


















As imagens de Tiradentes divulgadas ao longo do século XX têm bastante semelhança com a figura de Jesus Cristo. Essa forma de representar Tiradentes foi criada no fim do século XIX, provavelmente com a intenção de provocar essa confusão. Num país católico, foi muito eficiente inventar um herói nacional parecido com Jesus.

Para criar a semelhança, Tiradentes passou a ser retratado com barba e cabelos longos, o que é pouco provável que ele usasse. No Museu da Inconfidência de Ouro Preto, Minas Gerais, alguns supostos pedaços da forca em que Tiradentes morreu estão expostos em forma de cruz para estimular essa relação com Jesus.

Ao contar a história de Tiradentes, costuma-se destacar o papel do traidor, Joaquim Silvério dos Reis, assim como na história de Jesus, destaca-se o traidor, Judas. A confusão é tão comum que, em 1994, o jornal Folha de São Paulo publicou um artigo no qual um jornalista desatento afirmava que Jesus Cristo foi enforcado e não crucificado.

Um herói militar
Tiradentes foi executado em 21 de abril de 1792, mas apenas em 21 de abril de 1890 recebeu homenagem oficial, após o Brasil se tornar uma República. Esse dia foi então declarado feriado nacional. Por ter o cargo militar de alferes, Tiradentes foi transformado em herói nacional pelos militares que estavam no poder no final do século XIX.

Tiradentes surgiu como um herói pronto para substituir Pedro I, antigo imperador do Brasil, que não era bem visto pelos militares republicanos. Em 1965, quando o Brasil era novamente governado por militares, Tiradentes foi declarado "patrono da nação" pelo Presidente da República general Humberto Castello Branco. No ano seguinte uma lei imposta pelos militares tornou obrigatório que Tiradentes sempre fosse representado com barba.

CARDOSO, Oldimar. coleção: Tudo é História. ensino fundamental. http://histoblogsu.blogspot.com/2009/06/invencao-de-tiradentes.html


Uma nota pequena, porém...... provocante !!!???

Os ideais da Inconfidência Mineira e por conseguinte os de Tiradentes eram os mesmos da Revolução Francesa- liberdade, Igualdade e fraternidade. Porque então Tiradentes teria abandonado a causa da abolição? Porque com certeza o movimento do qual ele supostamente participou e sobre ele recaiu as agruras da culpa era um movimento da aristocracia que não tinha nada de povo!

19 de Abril - Índios







OS ÍNDIOS E A CIDADANIA

Este é o país que nos foi tomado. Dizem que o Brasil foi descoberto, o Brasil não foidescoberto não, [...] o Brasil foi invadido e tomado dos indígenas do Brasil. Esta é a verdadeira história. Nunca foi contada a verdadeira história do nosso povo.Assim discursou Marcai de Souza Guarani para o Papa João Paulo II em Manaus, em 1980.Três anos depois, ele seria morto, em sua casa, por defender os direitos territoriais de uma aldeiaguarani no Mato Grosso.De norte a sul e de leste a oeste do pais, há povos indígenas que insistem em sobreviver,após quase quinhentos anos de uma história de guerras, escravização, epidemias, espoliação edesrespeito. Alguns povos fugiram da convivência com os neobrasileiros e ainda hoje se recusam aum contato mais intenso. Outros mantêm um convívio que data de séculos.Atualmente, constituem cerca de 210 povos distintos, falando mais de 170 línguas e dialetosconhecidos. No passado, já foram mais povos, com população bem superior à estimada atualmente.Os de hoje são remanescentes dos milhões de habitantes que aqui viviam na época em que osprimeiros europeus chegaram e deram à terra o nome de Vera Cruz e, depois, Brasil.E desde 1500 se discute qual será o futuro daqueles que, por um erro histórico, foram chamados de 'índios'.Que direitos têm eles sobre as terras que ocuparam tradicionalmente, ao longo de gerações?Que destino terão esses povos tradicionais neste mundo de plena globalização?Que direitos têm como cidadãos?São eles cidadãos do Brasil? Antes de vermos quais os direitos dos índios - e aqui falamos de 'direitos', e não de'privilégios'-, é preciso pensar a respeito dos sujeitos desses direitos; nossa primeira pergunta é:"Quem são os índios?"No passado, dizia-se que eram "sem fé, sem lei e sem rei"; inúmeros foram os esforços para queabandonassem suas tradições e se integrassem à comunhão nacional. Hoje, pesa sobre eles a acusação deque se aculturaram e, portanto, perderam aquilo que os diferenciava de outros segmentos da populaçãobrasileira: a cultura.No passado se buscou, de diversas formas, fazer com que os índios deixassem de ser índios,abandonando seus modos de vida, seus rituais e suas línguas, para se tornarem brasileiros, civilizados.Hoje, cobra-se deles o contrário: que falem suas línguas, mantenham suas tradições, se preservemdos males da civilização. Ou que deixem então, de uma vez por todas, de insistir em se manter comoíndios.Essa discussão é importante, pois em muitos conflitos que envolvem índios e brancos, foi - e ainda é -estratégico questionar a identidade de comunidades indígenas, para poder questionar e usurpar os direitos que elas possuem sobre determinados territórios. Políticos, a imprensa, e até mesmo alguns intelectuais, com frequência colocam uma crítica à atitudedos antropólogos - profissionais que se dedicam ao estudo dos grupos indígenas e passam longosperíodos entre eles. Acusam-nos de querer preservar os índios em uma redoma, como em um jardimzoológico, ou de pretender congelá-los, para que continuem do jeito que sempre foram, impedindo-os de mudar.Os antropólogos já atestaram, em diversos estudos, que faz parte da essência das culturas amudança, a transformação. Tanto nossa cultura como as indígenas mudam, seguindo ritmos próprios ealheios, quando são impelidas a se transformar pela ação de agentes vindos de fora. No entanto, apesardas mudanças, uma cultura indígena só deixa de ser considerada assim quando os membros de seu grupoperdem a consciência de seu vínculo histórico com sociedades pré-colombianas (ver Carneiro da Cunha,1987, p.15).
 
Este fragmento de texto foi retirado no endereço abaixo, se interessar pelo assunto consultar, na íntegra, é um levantamento interessante da questão indígena no Brasil.
 
http://www.forumeja.org.br/ei/files/os%20indios%20e%20a%20cidadania%20pdf.pdf

domingo, 17 de abril de 2011

Teatro, cultura e cidadania em Mirassol

Poucas pessoas incentivam a arte e o trabalho social. Uma pessoa assim só pode ser de grande valor. Uma dessas pessoas que trouxe isso para a nossa comunidade foi o Fernando Cruz. Por causa de uma aluna que ia trabalhar neste projeto do Fernando e fazia divulgação do mesmo fui ver o trabalho como forma de pretigiá-la. Chegando lá me deparei com o trabalho primoroso de um grupo de crianças e adolescentes que fizeram um apresentação de teatro primorosa. Não era uma produção teatral como "Mama Mia", "The Cats" ou " A bela e a fera" que tem uma espetáculo maravilhoso, atores profissionais e toda a pompa de uma produção internacional; era muito mais que isso, era uma obra com valor humano, de integração social com crianças e adolescenentes desempenhando o papel com suas almas. A peça era constituída de cenas do cotidiano urbano que ia se costurando, amarrando umas às outras e se dirigindo para o desfecho para a solução de problemas urbanos modernos com todos os seus encontros e desncontros, com mensagens sempre positivas para a questão da igualdade de qualquer gênero e o respeito às minorias.


IMPERDÍVEL

"RETRATOS DE UMA SOCIEDADE URBANA"


Projeto de inclusão social através da arte


Apresentações: dias 15,16,17,29e 30 de Abril e, 06,07,14,e 15 de Maio de 2011 às 20:00h

Local: Auditório Cândido Brasil Estrela


Primeiros dias entrada franca

domingo, 10 de abril de 2011

Novidade do IBGE

Recentemente o IBGE lançou um mapa-mundi digital, com síntese, histórico, indicadores sociais, economia, redes, meio ambiente, entre outras curiosidades, vale a pena conferir!


Informativo de máximo interesse para estudantes e professores.

http://www.ibge.gov.br/paisesat/main.php