A bola da vez é o blogueiro aqui: Entrevista na semana do dia 22/10. Acessem!
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Entrevista na íntegra tal como publicada pelo site Ao Mestre Com Carinho:
PERFIL
Nome: Sílvio Aparecido Casagrande
Idade: 46
Cidade: Mirassol
Professor de: Geografia e História
Escola em que leciona: E.E. “Anísio José Moreira”
PROFISSÃO
Por que você escolheu a profissão “professor”?
Desde muito cedo vi na função de professor a beleza e a grandiosidade na arte de ensinar e transmitir conhecimento inspirado por uma professora do primário Dona Josefina Simone Gândara, que me alfabetizou nos meus primeiros anos do primário. Passei a ver a educação como meio de transformar a vida e o destino das pessoas.
Há quanto tempo atua na área? Gosta do que faz? Por quê?
Atuo na educação tem 23 anos. Apesar dos percalços de uma jornada de trabalho apertada e de momentos de insatisfação com os rumos que a educação toma por causa de políticas públicas mal conduzidas e teorias que se tornam modismos temporários e discursos de palanque. Amo o que faço, isso me dá prazer. Cada vez que o brilho nos olhos de uma criança ou adolescente reluz motivado pelo interesse no aprender me sinto extasiado, realizado.
O que há de melhor em sua profissão? E pior?
O melhor da profissão de professor está no fato de ver o sucesso e realização de nossas crianças e adolescentes. O pior da profissão, a frustração, é não ver na prática os resultados dos discursos dos homens públicos alardeando o bordão “educação é a solução para o sucesso de todas as pessoas” e, pouco ou nada fazem para que isso se torne realidade, é ter uma educação que não promove o sucesso de todos os alunos, sobretudo dos mais humildes.
Como você vê a profissão daqui a 20 anos?
O professor tem que ser um desassossegado! Tem que ter sonhos, objetivos claros e definidos, metas pontuais e flexíveis ao mesmo tempo. Ele lida com o conhecimento que é dinâmico e alicerça a sociedade. Deste conhecimento depende, juntamente com a família e sociedade, os moldes da ética, da qualificação para o trabalho e dos rumos que se deve tomar para obter sucesso na vida em sociedade. Partindo deste princípio, tenho que acreditar que a tendência é que o povo possa enxergar a educação com outros olhos, e não seja massa de manobra nas mãos de políticos e que cobrem mais até que eles tomem consciência de que deverão ser obrigados a mudar a postura o que, diga-se de passagem, já vem ocorrendo. A péssima qualidade da educação, o avanço da violência e drogas e a desestrutura familiar compromete o futuro de todos.
Em um prazo de vinte anos penso ser possível que se implementem políticas públicas sérias e eficientes para a educação, para a segurança pública e para a saúde que também são setores prioritários que estão intrinsecamente conectados. A partir da melhora da qualidade da educação, e só a partir disso, é que a figura do professor possa ser resgatada como um profissional respeitado e valorizado como deve ser. Se essa conjectura não se concretizar os resultados para a profissão tendem a ser funestos.
Houve algum fato marcante em sua carreira que você gostaria de contar?
Durante tanto tempo de magistério tive experiências dolorosas, mas tive muito mais experiências agradáveis como a de ex-alunos que visitaram a escola e atribuíram o sucesso de suas vidas pelos conselhos e orientações que havia lhes dado.
O que você considera ser seu diferencial na sala de aula?
Dedicação e paixão pelo que se faz é o referencial que todo educador deve ter. Pois, é com o ânimo para dedicar-se e paixão pela educação que o professor busca qualificação, aprimoramento na relação de mediação do conhecimento em sala de aula e assim sendo, as coisas ficam mais fáceis e pode se ter sucesso na atividade educativa no mundo contemporâneo.
Qual conselho você daria para um professor em início de carreira?
Os novos professores devem ter em mente que devem buscar qualificação constante, não dá para se acomodar mais. O aluno é um ser em construção e passível de absorver o conhecimento construído por ele mesmo a partir da mediação competente e eficaz do professor. Os resultados podem não ser imediatos, o tempo do aluno pode não ser o tempo do relógio ou de outro aluno ou mesmo do tempo que o professor traça para ele. É mister que o professor tenha competência pedagógica e trabalhe com a inteligência emocional do aluno para respeitar os fusos horários para que todos cheguem como a bagagem no destino sem tantos atropelos. É fácil? Não, se tem uma coisa que não é fácil é ter sucesso com todos os alunos, mas ser professor é uma profissão e um sacerdócio, no sentido do dedicar-se incansavelmente. O professor só cresce profissionalmente se o aluno crescer também em aprendizagem e ter sucesso!
O que você diria para os professores que acessam o site Ao Mestre com Carinho?
Muitas vezes o professor se sente desmotivado, impotente, frustrado, mas sempre tem aqueles alunos que veem na figura do professor suas qualidades, um referencial. O professor tem que ser antes de qualquer coisa um forte, deve buscar energia no âmago, deve manter a auto-estima, sem entregar os pontos, os alunos ou parte deles não tem perspectivas e se o professor também estiver com a auto-estima abalada poderá condená-los ao fracasso na medida em que nos furtarmos ao nosso dever de ensinar e vender a ideia do sonho. A questão salarial tem que ser questionada, sim. Temos que fazer reivindicações, brigar pela profissão, mas sem nos furtarmos de realizar nosso dever, o de ensinar.
O que você diria para os alunos que leem o site? Algum conselho?
Os alunos devem tratar a educação como prioridade em suas vidas. Dela depende seu sucesso profissional e pessoal. A dedicação aos estudos faz com que o aprender seja prazeroso, se o prazer não existe no aprender é porque ele não está ocorrendo, tente descobrir porque ele não está acontecendo e procure encontrar alternativas para resolvê-lo, já que cada caso é um caso!
Você foi escolhido por ter participado da Semana do Professor 2009. Existe algum outro motivo pelo qual mereça ser o Professor da Semana?
Participei da Promoção Semana do Professor 2009 completando a frase "Sou professor e gostaria que..." com a frase: "Sou professor e gostaria que a escola de qualidade fosse realidade para todos os alunos!" que é o que acredito ser a solução para a educação do país. Tenho três faculdades: de História, de Geografia e de Pedagogia, sete aprovações em concursos para professores da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, duas pós graduações: “Cidadania e Cultura” pela Unicamp e “Cidadania e Diversidade” pela Unesp, dezenas de cursos de pequena e média duração e vários outros cursos on line promovidos pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Mesmo com todo empenho nossa tarefa diária é feita de sucessos e frustrações. Durante esses vinte e três anos acumulei projetos que deram certo e experiências outras que nem tanto. Ter vinte e três salas e brigar para obter sucesso em cada uma dessas classes é uma boa meta em termos proporcionais, mas para o professor desassossegado, imbuído na arte do ensinar, é necessário manter o comprometimento, a dedicação e a busca do melhor, sempre! Sou um professor comprometido com a arte de ensinar. Fiquei muito feliz em poder divulgar minhas ideias e pontos de vista e me trouxe, por conseguinte, muita satisfação.
VIDA PESSOAL
Você tem algum hobbie? Qual?
Sim. Cuidar de plantas, colecionar miniaturas, antiguidades e, recentemente, alimentar o site que teve início com o curso que fiz onde coloco informações cotidianas ou relacionadas a educação: http://camasi2010.blogspot.com/
Quando não está na escola ou preparando aulas, o que você gosta de fazer?
Praticar meus hobbies, que me fazem uma higiene mental e com que consiga suportar a jornada estafante de trabalho. Dedicar-me e passear com minha família: minha filha mais velha e minha esposa, bem como conversar diariamente pelo skype com minha filha mais nova que faz Designer na UEL.
