Cidadania in foco

sexta-feira, 18 de abril de 2014

19 de Abril – Dia do Índio





OS ÍNDIOS E A CIDADANIA

Este é o país que nos foi tomado. Dizem que o Brasil foi descoberto, o Brasil não foidescoberto não, [...] o Brasil foi invadido e tomado dos indígenas do Brasil. Esta é a verdadeira história. Nunca foi contada a verdadeira história do nosso povo.Assim discursou Marcai de Souza Guarani para o Papa João Paulo II em Manaus, em 1980.Três anos depois, ele seria morto, em sua casa, por defender os direitos territoriais de uma aldeia guarani no Mato Grosso.De norte a sul e de leste a oeste do país, há povos indígenas que insistem em sobreviver,após quase quinhentos anos de uma história de guerras, escravização, epidemias, espoliação e desrespeito. Alguns povos fugiram da convivência com os neobrasileiros e ainda hoje se recusam a um contato mais intenso. Outros mantêm um convívio que data de séculos.Atualmente, constituem cerca de 210 povos distintos, falando mais de 170 línguas e dialetos conhecidos. No passado, já foram mais povos, com população bem superior à estimada atualmente.Os de hoje são remanescentes dos milhões de habitantes que aqui viviam na época em que os primeiros europeus chegaram e deram à terra o nome de Vera Cruz e, depois, Brasil.E desde 1500 se discute qual será o futuro daqueles que, por um erro histórico, foram chamados de 'índios'.Que direitos têm eles sobre as terras que ocuparam tradicionalmente, ao longo de gerações?Que destino terão esses povos tradicionais neste mundo de plena globalização?Que direitos têm como cidadãos?São eles cidadãos do Brasil? Antes de vermos quais os direitos dos índios - e aqui falamos de 'direitos', e não de'privilégios'-, é preciso pensar a respeito dos sujeitos desses direitos; nossa primeira pergunta é:"Quem são os índios?"No passado, dizia-se que eram "sem fé, sem lei e sem rei"; inúmeros foram os esforços para que abandonassem suas tradições e se integrassem à comunhão nacional. Hoje, pesa sobre eles a acusação de que se aculturaram e, portanto, perderam aquilo que os diferenciava de outros segmentos da população brasileira: a cultura.No passado se buscou, de diversas formas, fazer com que os índios deixassem de ser índios,abandonando seus modos de vida, seus rituais e suas línguas, para se tornarem brasileiros, civilizados.Hoje, cobra-se deles o contrário: que falem suas línguas, mantenham suas tradições, se preservem dos males da civilização. Ou que deixem então, de uma vez por todas, de insistir em se manter como índios.Essa discussão é importante, pois em muitos conflitos que envolvem índios e brancos, foi - e ainda é -estratégico questionar a identidade de comunidades indígenas, para poder questionar e usurpar os direitos que elas possuem sobre determinados territórios. Políticos, a imprensa, e até mesmo alguns intelectuais, com frequência colocam uma crítica à atitude dos antropólogos - profissionais que se dedicam ao estudo dos grupos indígenas e passam longos períodos entre eles. Acusam-nos de querer preservar os índios em uma redoma, como em um jardim zoológico, ou de pretender congelá-los, para que continuem do jeito que sempre foram, impedindo-os de mudar.Os antropólogos já atestaram, em diversos estudos, que faz parte da essência das culturas amudança, a transformação. Tanto nossa cultura como as indígenas mudam, seguindo ritmos próprios e alheios, quando são impelidas a se transformar pela ação de agentes vindos de fora. No entanto, apesar das mudanças, uma cultura indígena só deixa de ser considerada assim quando os membros de seu grupo perdem a consciência de seu vínculo histórico com sociedades pré-colombianas (ver Carneiro da Cunha,1987, p.15).
 
Este fragmento de texto foi retirado do endereço abaixo, se interessar-lhe o assunto, consultar na íntegra o artigo será um levantamento interessante da questão indígena no Brasil.
 
http://www.forumeja.org.br/ei/files/os%20indios%20e%20a%20cidadania%20pdf.pdf

Um comentário:

Prof.Sílvio disse...

É pena o desprezo que as pessoas dispensem para datas que seriam um momento de reflexão para a história que foi e está ainda sendo construída em bases frágeis de uma sociedade fraca de preceitos morais e de responsabilidade com a coisa pública, onde cada um só enxerga e está preocupado com seu umbigo, uma sociedade hipócrita, egoísta e que valoriza só o "ter" ( bens materiais agregados) mais do que o "ser" ( virtuoso moralmente, solidário, desinteressado de recompensas quando realiza algo).

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