Nos dias 06 e 07 de Junho professores de História participaram de uma orientação técnica feita em Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira. Isso graças a um projeto da PCNPE da Diretoria de José Bonifácio, a professora Carla Vanzela. Nesta oportunidade os professores tiveram uma capacitação para trabalhar no currículo das escolas a valorização da cultura negra, com enfoque diferenciado por força da lei 10269/2003, a partir da cultura e forma de vida dos quilombolas para aprimoramento de seu trabalho em sala de aula.
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Mirante do Cruzeiro - Vista Eldorado no Vale do Ribeira
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Fogão de taipa
História do Vale do Ribeira
A região do Vale do Ribeira fica localizada entre os Estados de São Paulo e Paraná; sendo compreendido por uma extensa faixa territorial que abrange desde municípios no entorno da capital paulista até os limítrofes de Curitiba. E pelo litoral, desde as proximidades de Peruíbe, no ponto mais ao norte, até próximo do Paranaguá, no ponto mais ao sul.
A ocupação do Vale do Ribeira começou pela área litorânea. Na altura do século XVI portugueses e espanhóis disputaram a colonização desta vasta região. Em 1504, por exemplo, a esquadra comandada por Américo Vespúcio deixou nas praias da Ilha Cardoso um bacharel degredado. Depois, em 1508, foi a vez da expedição de Vicente Yanez Pinzon abandonar na mesma ilha mais sete castelhanos. Aventureiros que foram encontrados mais tarde, no ano de 1551, pela expedição de Martin Afonso ao ancorar no lugar tendo em vista a procura de metais preciosos, como ouro e prata.
Os municípios do Vale do Ribeira conhecidos como Cananéia e Iguape são descritos em RTCs produzidos por antropólogos contratados pelo ITESP - apoiados em Laudos Antropológicos vinculados ao Ministério Público Federal - como sendo as localidades de referência inicial da ocupação colonizadora do Vale do Ribeira.
A ocupação das áreas interioranas do Vale do Ribeira ocorreu posteriormente. No decorrer do século XVII, motivada particularmente pela descoberta de ouro em depósito aluvião, pelos aventureiros que adentraram a mata atlântica seguindo o curso dos rios. O movimento provocado por tal descoberta levou à organização do primeiro povoado surgido no alto do Vale do Ribeira, como é o caso de Xiririca (hoje conhecida pelo nome de Eldorado).
10 Cf. Carvalho, Maria Celina P. de - Relatório Técnico-Científico sobre os quilombos remanescentes dacomunidade de quilombo do Galvão, municípios de Eldorado e Iporanga – SP, 2000, p. 13.
A descoberta do ouro em depósito aluvião deu impulso ao primeiro ciclo econômico marcante da região. A mineração aurífera perdurou no Vale do Ribeira do século XVI até o século XIX; mas enquanto atividade econômica principal o movimento derradeiro foi ao final do século XVII. A partir deste período a atividade mineradora entra em declínio nesta região devido à descoberta de atrativos veios auríferos nas encostas e leitos de rios entre as montanhas da próspera Capitania das Minas Gerais. Em substituição à exploração mineral ganhou destaque economicamente, no Vale do Ribeira, uma atividade até então secundária, ou seja, a rizicultura.
A exploração da força do trabalho escravo, representada pela mão de obra indígena e dos africanos e/ou seus descendentes, tiveram importância capital no contexto destes dois ciclos econômicos, conforme descrito por Carvalho e Schmitt: “já no século XVI, não era incomum a existência concomitante de escravos negros e indígenas nas expedições que partiam para o interior de São Paulo”.
Entretanto, observa-se que pouca atenção foi prestada a este fato pelos estudiosos da sociedade escravista no estado de São Paulo. Isso é o que se insinua nas críticas tecidas por Carril contra a interpretação de alguns historiadores que, segundo ela, defendem a tese de que o trabalho escravo no estado paulista só foi introduzido de forma significativa a partir do empreendimento da monocultura cafeeira. Através da sua crítica esta autora fez alertar para a carência de estudos historiográficos sistemáticos e aprofundados produzidos sobre o Vale do Ribeira, então enfrentada por ela.
Mas é preciso reconhecer que esta restrição há algum tempo já vem sendo superada, graças, inclusive, aos trabalhos de produção de Laudos Antropológicos vinculados ao Ministério Público Federal - voltados para a identificação e mapeamento de comunidades tradicionais remanescentes de quilombos localizadas no Vale do Ribeira, e, da mesma forma, os Relatórios Técnicos-Científicos, produzidos por antropólogos contratados pelo ITESP e cuja finalidade é produzir documentação relevante ao processo para obtenção do titulo definitivo de propriedade das terras tradicionalmente ocupadas nesta referida localidade do estado de São Paulo. Sem esquecer, em acréscimo, da contribuição dos trabalhos científicos-acadêmicos recém produzidos em universidades como USP, Unicamp, entre outras.
11 Carvalho, Maria C.P. de e Schmitt, Alessandra – Relatório Técnico-Científico sobre a comunidade de quilombo do Nhunguara, localizada nos municípios e Eldorado e Iporanga/SP, 2000, p.22.
12 Apud. Carvalho e Schmitt, Ibidem.
13 A referência principal aqui é ANDRADE, Tânia et alli (eds) – [2ª ed.] Negros do Ribeira: reconhecimento étnico e conquista do território....
Sobre a exploração da mão-de-obra escrava do africano e seus descendentes no contexto da atividade da mineração aluvial no Vale do Ribeira a citação do Laudo Antropológico do MPF é esclarecedora: “(...) o Vale do Ribeira recebeu já no século XVI os primeiros contingentes negros que foram a mão-de-obra de sustentação para o desenvolvimento da atividade mineradora.(...), eles foram levados também às outras localidades situadas Ribeira acima”(grifos meus). Fonte: RTC ITESP.
Disponível em http://www.eaacone.org/quilombos-vale-do-ribeira/ 01/06/2013
Fotos do passeio - o contar de uma história
A chegada a Eldorado
Uma fachada diferente: Muro ou frente de casa?
O nosso guia Jorlei da comunidade quilombola de Pedro Cubas com a PCNPE Carla Vanzela da Diretoria de José Bonifácio
A chegada ao Quilombo de Ivaporunduva
A pousada: lugar simples aberto a nos proporcionar novas experiências!
A estadia na pousada do Quilombo de Ivaporunduva
O artesanato quilombola: apenas algumas amostras.
Passeio pela comunidade de S.Pedro saindo da pousada de Ivaporunduva: troca de ônibus pois o nosso era muito pesado para as estradas íngremes e estreitas de pontes de madeira
Franguinhos da panela: o almoço aconteceu aqui no primeiro dia que mesmo sendo simples, além de saboroso tinha ingredientes inusitados como refogado de broto de bananeira, frango caipira, palmito doce, farofa de feijão Guandú,banana da terra, suco de manacabíu etc.
Esclarecimentos sobre a comunidade de S. Pedro: a dificuldade em conseguir da "Fundação Palmares" a titulação da terra são mais de 50 reconhecidas mas apenas 6 com titulação!
"Roda de capoeira" Bernardo Furquim - mestre Jahça
O regresso para a Pousada de Ivaporunduva
Os ingredientes da "Roda de viola": Os violeiros
A fogueira: acendimento em mutirão porque estava dando um Trabalho!
E o público "pagão"! (alusão à música do Teatro Mágico!
O professor Carlos Cassandra entrou no clima, entoou Blues de sua autoria e foi ovacionado!
Após a pernoite e o café da manhâ uma palestra esclarecedora sobre a comunidade quilombola com muitas intervenções dos professores nas questões da manutenção da cultura e religião africanas, o impacto gerado pelo uso da terra pelas comunidadese e a criação das associações de comunidades quilombolas previstas na Constituição de 1988 serem criadas só a partir de 1998.
Após a palestra despedida da Pousada com as tradicionais fotos do grupo:
A trilha do Parque da Caverna do diabo: espetáculo da natureza!
A Caverna que do diabo não tem muita coisa, só vi ali uma explosão de vida no espetáculo da natureza! Então porque o nome? Uma figura pequena que lembra a máscara do Pânico, umas figuras que lembram garras e a história dos primeiros visitantes quilombolas e ìndios que, não podendo explicar pela lógica os fenômenos representados pelas figuras nominou assim a caverna.
A PCNPE de História Carla Vanzela da Diretoria de José Bonifácio que proporcionou aos professores de história a referida orientação técnica: Parabéns pela iniciativa!
2 comentários:
Excelente Sílvio!
Marisa
Obrigado!
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